DELITO há dez anos
Adolfo Mesquita Nunes: «Ao contrário do que por aí se escreve, não foi Passos Coelho o maior encurralado com a estratégia de Sócrates. Foi o Presidente da República. E se Passos foi encurralado porque não tem grandes opções, já o Presidente foi encurralado porque quis. Ou por sistemática nabice, que é pior.»
Ana Margarida Craveiro: «A culpa é da crise, a culpa é do PSD, não aumentamos impostos, o investimento público é necessário, afinal não aumentamos impostos excepto x, y e z, afinal não há TGV agora, daqui a seis meses há TGV, o mundo mudou outra vez. E a culpa é do Medina Carreira e do João Duque.»
João Carvalho: «Se há algo que me enfastia é esse tique nacional de tentar a todo o custo encontrar quem consiga estar quase tão mal quanto nós. Pior que isso, só esse tique popular de seguir alegremente os que tentam a todo o custo encontrar quem consiga estar quase tão mal quanto nós.»
Maria João Marques: «A melhor forma de lidarmos, e de não azedarmos, com os pecadilhos que vamos sofrendo e perpetrando, de aprendermos com a vida (ou com o somatório dos pecadilhos nas duas direcções), é perdoarmos e aceitarmos o perdão dos outros – o que não significa que sejamos sempre inteligentes ou magnânimos e coloquemos em prática o que sabemos mais eficaz para aliviar a consciência e até o humor (eu, pelo menos, ainda imperfeita na arte do perdão me confesso). Não espanta, assim, que ultrapassar a vivência de um crime violento passe por alguma forma, preferencialmente crescente, de perdão.»
Eu: «O Governo preferiu enganar os portugueses - e enganar-se a si próprio. O mesmo Governo que este ano aumentou impostos depois de ter baixado o IVA de 21% para 20% e congelou os vencimentos da função pública depois de ter aumentado os funcionários em 2,9%. Os bónus anteriores ocorreram a pensar no ano eleitoral de 2009 (em que houve eleições europeias, legislativas e autárquicas). Agora, felizmente para Sócrates, não há eleições legislativas à vista. O que talvez explique o anúncio já antecipado de novas subidas de impostos inscritos no Orçamento de Estado para 2011. Governar em ziguezague costuma dar nisto. Sendo as coisas o que são, quem se admira que o País esteja hoje no atoleiro em que se encontra?»