DELITO há dez anos
Adolfo Mesquita Nunes: «Se o FMI entrar por aqui adentro, não foi apenas o Governo que falhou. Foi Cavaco Silva que redondamente se encostou a uma qualquer bananeira que encontrou por Belém e que preferiu, afinal também ele, a aparência à realidade. É por isso que Cavaco nem quer ouvir falar de FMI, sobretudo nesta altura de pré-campanha eleitoral.»
Ana Vidal: «Retomo aqui, no Delito de Opinião, uma série dedicada a um dos meus pintores preferidos - René Magritte - que em tempos iniciei noutro blogue. Irreverência, ironia, subtileza, clarividência, ousadia, inteligência, talento. Todos estes adjectivos (e muitos outros mais) se aplicam a esta mente privilegiada, que interpretou a realidade que a rodeava de uma forma única. Não tenho, naturalmente, nem uma vaga ilusão de estar à altura dos quadros que inspiraram os textos. Leiam-nos como uma homenagem, nada mais do que isso.»
David Levy: «A Embaixada de Israel prestou apoio à 14.ª edição do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa - Queer Lisboa 2010. Esse facto aparentemente passou despercebido durante algum tempo aos auto-intitulados defensores dos palestinianos e de todas as causas politicamente correctas. Descoberto o patrocínio, imediatamente se abriram as portas do Inferno. Já há manifestações de repúdio contra o apoio israelita a um festival que devia ser promotor da aceitação dos homossexuais, da tolerância e da paz. Causas bonitas e que estão sempre na boca de algumas pessoas, excepto quando colidem com os seus interesses.»
João Carvalho: «Com o fantasma do FMI a pairar cada vez mais perto, o que fazer? Como alguém já disse, a receita é simples e conhecida: bastaria que Portugal aplicasse as medidas que estão a funcionar na Grécia sob a batuta do FMI, com a vantagem de podermos fazê-lo sozinhos, por iniciativa própria e sem ingerência externa. Já alguém assistiu ao encerramento de organismos e instituições que parasitam por aí? E qual é o tamanho real do buraco financeiro em que a verdade completa das contas públicas está metida, escondida nas empresas públicas e nas chamadas empresas municipais? E quanto custa ao Estado (e com que proveito) a teia infindável de fundações que o governo esconde?»
Paulo Gorjão: «A propósito disto, há quem confunda a crítica à substância do exercício de um direito, com um ataque ao direito propriamente dito, num exercício de vitimização digno de um qualquer Calimero. Enquanto isto não tiver sido percebido, é impossível passar a um nível de maior elaboração. Resta-me apelar a que deixem jogar o Mantorras, que é como quem diz, por favor, leiam e oiçam sem reagir a tudo o que o presidente da ERC disser, caso contrário serão acusados de perpetrarem um vil e atroz ataque à liberdade de expressão. Fantástico...»
Sérgio de Almeida Correia: «Deixou um vazio grande. Ela sabia que ia deixar. A mim, que sou gente como os outros também. E eu não ficaria de bem com a minha consciência se não vos dissesse o quanto gostei de conhecê-la. O quanto lhe estou agradecido pelo vazio que em mim deixou. Não serei hoje um homem melhor, nem um cidadão mais militante ou melhor companheiro. Apenas vejo com outros olhos. É uma sorte encontrar alguém que nos faz ver com outros olhos. »
Eu: «Assunção Cristas - que passou pela blogosfera antes de enveredar pela política - tem sido uma das presenças mais fortes na bancada democrata-cristã, onde não faltam bons oradores. Faz intervenções sérias, fundamentadas e incómodas para o Governo no plenário, incluindo nas sessões onde tem estado o primeiro-ministro. E desenvolve um trabalho digno de registo na comissão parlamentar de Economia e Finanças, onde coordena os deputados do CDS. Com o debate do Orçamento à porta, repetirá certamente o protagonismo evidenciado na anterior sessão legislativa. Sem partidarites, não é necessária demasiada argúcia para apontá-la como um valor em ascensão na política portuguesa: vamos ouvir falar ainda mais dela no futuro.»