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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 31.08.20

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João Campos: «O novo álbum dos Arcade Fire, The Suburbs, é muito bom. Sem ironias - é mesmo muito bom. Como disse lá no jardim há coisa de um mês, estranhei à primeira, rendi-me à segunda. Não o considero inferior ao Neon Bible. Dia 18 de Novembro comprovamos ao vivo. De resto, tenho um palpite: os Arcade Fire vão ser a próxima banda a sofrer o "síndrome Muse".»

 

João Carvalho: «Este post marca o dia em que a Câmara Municipal de Lisboa fechou de vez o Museu Fernando Pessa do Automóvel Antigo, iniciado com a oferta do saudoso Fernando Pessa do seu velho Rover 2000, que contou com a contribuição de alguns amigos, que a Câmara de Lisboa assumiu (primeiro com João Soares e depois com Santana Lopes) e ao qual nunca chegou a dar verdadeira dignidade. Não passou de um nado-morto adiado.»

 

João Távora: «É irónico como nesta sociedade que venera o corpo e as aparências não haja parábola mais eficaz sobre as virtudes do mérito e do prazer diferido do que a da forma física. Tal como na escola só se aprende com estudo e empenho, tal como a riqueza só é criada com esforço e trabalho, a partir duma certa idade, a forma física depende fatalmente da austeridade alimentar e de muito, muito, exercício físico. Quem se preocupa com o implacável efeito da gravidade nos seus músculos e outros apêndices, está condenado a trabalhar e suar o corpinho, semana após semana, mês após mês, ano após ano, com muita perseverança e desapego, que o resto vem com as endorfinas e mais algum desapego; afinal, o mais importante na vida nem sequer é isso!»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Como é de imaginar, Agosto continua a ser o momento mais aconselhado para serem publicadas alterações a diplomas tão relevantes como a lei das uniões de facto, com implicações no Código Civil, ou a 19ª ao Código de Processo Penal. Sim, leram bem, 19ª. As editoras de livros jurídicos continuam a esfregar as mãos de contente.»

 

Eu: «Qual é a diferença entre um vilão e um herói num mundo onde todas as barreiras morais foram transpostas e as tradicionais fronteiras entre o bem e o mal estão diluídas? Esta é a pergunta-chave de Taxi Driver, um filme que não cessa de nos perseguir noite fora, anos fora. Vê-lo uma vez é vê-lo para sempre: jamais nos libertaremos daquela atmosfera viscosa de Nova Iorque, daquelas ruas onde se exibe a devassidão, daqueles vidros embaciados que nos transmitem a imagem de uma cidade que é a antítese perfeita de um bilhete postal.»