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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 09.08.20

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Ana Vidal: «Substitui com enormes vantagens todos os outros cremes, tratamentos e cirurgias plásticas, é inócuo, universal e barato. Só tem um pequeno problema: depois de usá-lo, você não poderá nunca mais ser visto(a) no mundo real. Mas... who cares? Há sempre o facebook, os chats, o second life, etc... quem é que quer saber do mundo real, que dá uma trabalheira?»

 

João Carvalho: «No ano passado, a Inspecção-Geral de Finanças (sob alçada do ministro Teixeira dos Santos) ainda identificou 306 Fundações de utilidade pública, que tinham recebido verbas no montante global de 166,5 milhões de euros do Estado durante o biénio de 2007/2008. Mas o levantamento foi logo considerado inútil: o número de Fundações pecou por defeito, as verbas somadas recebidas do Estado eram muito aquém da realidade e os benefícios fiscais de que elas usufruem não foram contabilizados. Em suma: sobre Fundações nacionais, ninguém consegue contá-las e muito menos consegue controlá-las.»

 

Ricardo Sardo: «Esta postura de querer procurar, a todo o tempo, a polémica, o escândalo, a condenação e em que a Comunicação Social por vezes até toma partido, terá, também, de ser revista, pois em nada ajuda a Justiça, bem pelo contrário. Uma informação esclarecida, isenta e rigorosa apenas contribui para um maior esclarecimento público, ajudando as pessoas a compreender melhor a Justiça.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Se há investimento com retorno é todo aquele que possa ser feito em prol da língua, da cultura e do desenvolvimento. Bem sei que não serve para pagar os ordenados de homens como Zeinal Bava ou António Mexia, mas é uma aposta reprodutiva de geração em geração. E que é capaz de uni-las sem que para isso seja necessário vender a alma aos vizinhos.»

 

Eu: «Manuel António Pina, com a qualidade habitual, escreve a propósito da morte de António Dias Lourenço, um militante comunista de sempre - homem íntegro, de convicções firmes, com uma coragem inabalável e um impressionante percurso de lutador que incluiu 17 anos nas prisões salazaristas. Este tempo que lhe foi sonegado pela ditadura não lhe retirou a alegria de viver nem alterou a tenacidade com que sempre defendeu as suas convicções. Tive o privilégio de falar algumas vezes com ele: já com uma idade muito avançada, mantinha a fibra de resistente. Era uma lenda viva entre os comunistas mas jamais se comportava como tal. E nunca o ouvi referir-se a um adversário político em termos deselegantes, o que é um exemplo para muitos outros que são incapazes de separar a crítica do insulto e confundem o confronto de posições com a piada rasteira ou a insinuação soez.