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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 12.07.20

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Adolfo Mesquita Nunes: «Por entre os socialistas está muito em voga, agora que o governo foi obrigado a tomar medidas que não passam pelo esbanjamento e distribuição de dinheiro, a tese de que o governo está a ser obrigado, pela crise, a tomar medidas que se afastam do código genético do PS. Esta tese, sedutora por uns segundos e destinada a atirar a impopularidade das medidas para o neoliberalismo, é afinal a confissão de que, no código genético dos socialistas, não está qualquer vocação para tomar medidas eficazes e capazes de colocar em ordem o estado da economia. Porque das duas uma, ou as medidas são boas ou são más. Se são boas, o código genético dos socialistas é mau, porque as não inclui. Se são más, o código genético dos socialistas contém uma especial tendência para a trapalhada. Em qualquer um dos casos, o código genético deixa a desejar.»

 

Ana Cláudia Vicente: «Em tempo de desabituação da farmacopeia oftálmica tomada nas últimas semanas, fechamos esta rubrica com um produto de segunda geração originário do norte de Inglaterra, o qual foi possível observar ontem em plena acção. Foi lançado no mercado internacional em 2005, num surto Irlanda do Norte vs. Portugal.»

 

João Campos: «Ainda não revi o filme - talvez no fim-de-semana -, pelo que mantenho ainda a opinião de que o filme, ainda que interessante, é globalmente fraco. Li, porém, o livro - a minha primeira leitura de Verão, após ter encontrado uma edição em paperback na fnac, a um preço muito convidativo (alguém me lembre de ir lá buscar o 2001: A Space Odyssey, que também estava muito em conta). Enfim, a propósito da obra de [Frank] Herbert, o "mestre" Arthur C. Clarke disse não conhecer nada que se lhe comparasse para além de The Lord of the Rings. Descontada a simpatia, Dune é, de facto, uma obra espantosa, provavelmente um dos mais ambiciosos trabalhos que o género conheceu.»

 

João Carvalho: «Oxalá lhes paguem bem, mas precisam de se esforçar mais para o merecer ou sujeitam-se a cair antes de chegar ao fim do arame. A sombra do desemprego que se aproxima é dramática, eu sei, só que escusam de mostrar serviço à minha custa, pois não tenho pachorra para alimentar "abrantinices". Por mim — que sou pessoa recolhida, que nunca passei perto da soleira da porta do partido que os enerva, que só conheço as lideranças partidárias e respectivas entourages pela comunicação social e, sobretudo, que tenho a sorte que eles desconhecem que é a de pensar e concluir pela minha cabeça — podem ficar calmos que não irei dar-lhes corda.»

 

Luís M. Jorge: «O leitor João Magalhães comete uma grave injustiça ao apodar o DELITO DE OPINIÃO "blogue oficioso da actual liderança do PSD". Reconheço com modéstia que nos é difícil alcançar os patamares de independência e imparcialidade a que o Câmara Corporativa habituou os seus émulos. Mas recordo-lhe que neste e noutros posts eu próprio verberei Passos Coelho com assinalável crueza. No DELITO DE OPINIÃO, a esquerda gira e moderna confronta a direita neoliberal em batalhas épicas travadas ao redor de um leitãozinho da Bairrada ou de um bife à marrare. Tanto brindamos com Lellos como bebemos com os Soares

 

Nelson Reprezas: «O cliente de melões português é um caso paradigmático da ventura de se nascer português. Demos novos mundos ao mundo, depois decaímos um bocado, é certo, mas, helas, sabemos escolher melões. O que absolutamente nos coloca na vanguarda do pelotão europeu. Mas repito. Isto é coisa de homem. De macho. Para as mulheres deixo a pungente tarefa de escolher um peixe.»

 

Eu: «Viagem a Itália – uma obra que “reconcilia o quotidiano com o eterno”, no dizer de Claude Beylie – está cheia de cenas inesquecíveis. A do breve encontro entre Alex e a triste prostituta que planeara suicidar-se na noite anterior. A magnífica sequência do regresso dele a casa, quando Katherine finge estar adormecida e toda a ambiguidade de sentimentos conjugais se revela ao espectador naquele admirável jogo de luz e sombras. A visita às ruínas de Pompeia, onde ambos caminham sempre separados, sem o mínimo contacto físico, ao encontro dos ossos calcinados de um par surpreendido num abraço eterno, dois mil anos antes, pela lava do Vesúvio. “Encontraram a morte juntos”, surpreende-se ela. O amor também pode ser imortalizado assim.»