DELITO há dez anos
Ana Margarida Craveiro: «Uma economia que não sabe proteger-se de OPAs e afins operações sem o guarda-chuva do Estado é uma economia frágil. Já era tempo de largarem as fraldas.»
J. M. Coutinho Ribeiro: «Com a crise económica e financeira instalada, formulo votos para que nenhuma crise política abale Portugal nos próximos tempos. Seria o caos. Não por mais nada, mas porque temo que pudesse contribuir decisivamente para abalar o empenhamento, a classe e as ambições da selecção portuguesa de futebol que, como todos já perceberam, vai à África do Sul com expectativas altas, talvez, até, para trazer a taça. Os portugueses, que já entraram em contagem decrescente para a mini no sofá em frente da tv e já estão com o país a meio gás, não perdoariam e ficariam de ânimo arrasado. Por causa do insucesso da selecção, claro. E poderiam, até, revoltar-se. Não é caso para menos. E, sim, seria a verdadeira crise.»
João Carvalho: «No dia em que o actual governo completa sete meses desde que foi empossado, aqui fica o símbolo da única promessa cumprida, que corresponde ao trabalho que já conseguiu desenvolver. Daí para cá tem dedicado o tempo a ver em quantas semanas o mundo pode mudar, tem ensaiado várias fórmulas para tentar dizer a mesma coisa dois dias seguidos e tem anunciado tempos austeros para fazer pontes, estradas, linhas de comboios e aeroportos. Uma canseira.»
Paulo Gorjão: «O factor tempo é fundamental para os EUA. A médio prazo, a mudança de liderança e de regime em Pyongyang é inevitável. Sem alternativas diplomáticas – e tendo em conta que eventuais alterações na estrutura de poder no sistema internacional dificilmente contribuirão para resolver o impasse – aos EUA resta esperar pacientemente que a mudança de poder em Pyongyang altere a hierarquia de prioridades nacionais. Só nessa altura, porventura, será possível encerrar um dos últimos legados da Guerra Fria.»
Eu: «Jerónimo de Sousa diz que lhe é indiferente que seja a selecção do Brasil ou a da Coreia do Norte a passar à fase seguinte da final do Campeonato do Mundo de futebol. O mesmo é dizer, por outras palavras, que lhe é indiferente a vitória de um país a que chamamos irmão quando confrontado com um outro governado há 60 anos por um partido a que só o PCP é capaz de chamar irmão (neste caso, ao contrário de outros, a família escolhe-se). O mesmo é dizer que tanto faz pertencer à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ou à lista dos países que mais violam os direitos humanos, segundo a prestigiada Amnistia Internacional.»