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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 07.02.20

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Ana Margarida Craveiro: «O PS tem obrigação de apresentar um substituto para José Sócrates. Pelo fim da vergonha. Já é tempo de reconhecermos que o poço tem de ter um fundo.»

 

Ana Vidal: «Sōkrátēs buscava o Conhecimento. O seu método para alcançá-lo era  o diálogo e a humildade de formular todas as perguntas. Sócrates prefere o Desconhecimento. O seu método para alcançá-lo é o monólogo e a arrogância de calar  todas as perguntas.»

 

Cristina Ferreira de Almeida: «Sócrates diz "só me faltava" (comentar a divulgação de escutas de conversas privadas) como se lhe estivessem a pedir um gesto de educação menos primorosa. Mas a evidência, a fotografia da evidência, da forma como Sócrates se serve do poder e do país não revela estes pudores. Vêmo-lo em sandálias havaianas e camisolas de alças pelos corredores dos ministérios e das empresas de capital público, a coçar os sovacos, a fazer apostas sobre o tempo que levará a derrubar este,  o custo de comprar aquele, a necessidade de controlar o outro.»

 

João Carvalho: «Já só me falta entender por que raio as cabalas servem para umas vezes e são postas de lado outras vezes, enquanto os contextos estão sempre aí na crista da onda. Vou continuar a procurar a explicação, mas confesso que me sinto perdido com estas modernices. É que eu sou do tempo em que a difamação só tinha uma saída: luva ao chão para um duelo. Nem cabalas nem contextos, que são respostas medricas próprias de quem virou a cara para não ver a luva atirada.»

 

José Gomes André: «Na última semana, Portugal viveu uma tormenta política da maior gravidade. Confirmaram-se os piores cenários sobre uma situação económico-financeira à beira do colapso. O parlamento está atolado numa guerrilha política. E descobriu-se que o primeiro-ministro, verdadeiro farrapo moral, anda envolvido há meses em actividades repugnantes, conspirando com outros actores políticos para comprar jornais com fundos de uma empresa pública.»

 

Leonor Barros: «Como primeiro-ministro [José Sócrates] tem o dever de esclarecer os cidadãos deste país sobre o plano salazarento, despótico e abjecto de silenciar a comunicação social, correr com os inconvenientes que ousam atentar contra a sua opinião. Negá-lo, por exemplo, desmenti-lo e tranquilizar-nos a todos, restituindo ao país a dignidade de que são feitas as sociedades democráticas. Ou admiti-lo e demitir-se. São assim os homens de carácter. Até agora, silêncio.»

 

Paulo Gorjão: «O interesse público é um conceito elástico. Justificou a publicação das manobras de Fernando Lima. Agora justifica a divulgação de conversas que deveriam estar sob segredo de justiça. O curioso nesta história é que os indignados com a divulgação no primeiro caso não são os mesmos no segundo e vice-versa. O interesse público, coitado, é um dano colateral no meio de tudo isto. E o tudo isto é o jogo político, puro e duro.»

 

Eu: «O jornal Público tem quatro críticos de cinema - quase tantos como os jornalistas que integram a sua secção de politica nacional. Esses críticos acabam de escolher os "filmes da década": 20 películas cada um. (...) Pôr filmes como O Quarto da Vanda, Juventude em Marcha  e Ne Change Rien (de Pedro Costa, cineasta aqui representado por nada menos de três obras como se fosse um dos grandes génios mundiais da Sétima Arte) a par de Fala com Ela (de Pedro Almodóvar), Lost in Translation (de Sofia Coppola), Cartas de Iwo Jima (de Clint Eastwood), Disponível para Amar (de Wong Kar-wai), Longe do Paraíso (de Todd Haynes) e A Última Hora (de Spike Lee) é intelectualmente inaceitável.»

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