DELITO há cinco anos

JPT: «A administração desta crise pandémica tem sido errática, com coisas boas e más, mas muito longe de qualquer "milagre português" que a imprensa patrioteira (e muita dela avençada) propalou. E só os "cobardes", para falar a la Costa, os adeptos holigões, tão timoratos que avessos à (auto-)crítica, é que são incapazes de ver isso. Não precisam de pedir outro poder, de passar à oposição. Pois, lá está, cada um como qual. Mas podem, e devem, pedir, exigir, melhor.»
Eu: «O primeiro-ministro que permitiu um 25 de Abril sem máscaras na Assembleia da República (dispensáveis por a cerimónia oficial decorrer num "edifício grande", na assombrosa definição da doutora Graça Freitas), a celebração ritual do 1.º de Maio pela CGTP em pleno estado de emergência e a Festa do Avante!, entre muitos outros "eventos", vira agora pregador evangélico dizendo aos portugueses que "temos o dever de nos proteger e de proteger os outros". Convém não sermos ludibriados por esta pose de recém-convertido aos rigores sanitários, entre ameaças de coimas pesadíssimas e da tentativa de imposição obrigatória (obviamente inconstitucional), em contexto laboral, de uma aplicação digital gerida por multinacionais da recolha de dados. Trata-se do mesmo chefe da mesma equipa governativa que, pela voz da directora-geral da Saúde, antecipava em Janeiro que "não há grande probabilidade de chegar um vírus destes a Portugal" e em Março desaconselhava o uso de máscaras por incutirem "falsa sensação de segurança". É o mesmo que em Junho "vibrava" entre duas mil pessoas que assistiram a um concorrido show humorístico no Campo Pequeno.»

