DELITO há cinco anos

João Pedro Pimenta: «Ah, os anos noventa. Depois da nostalgia dos oitenta, eis que a última década do século também desperta saudades, até porque invoca um tempo de paz, prosperidade e optimismo (coisa com que nem todos concordarão, sobretudo na Sérvia, Rússia ou Ruanda). E olhando para os tempos sombrios que atravessamos, essa sensação nostálgica ainda se acentua mais.»
Luís Menezes Leitão: «Quando as infecções começam a chegar a governantes, políticos, jogadores de futebol e artistas, percebemos a forma como a epidemia está a alastrar no nosso país. Por isso, e por muito que isso nos desagrade, têm de ser tomadas medidas mais eficazes para o seu controlo.»
Eu: «Deixou de haver doenças cardíacas, deixou de haver doenças oncológicas, deixou de haver acidentes vasculares cerebrais. Já não há homicídios, já não há suicídios, já não há "sinistralidade rodoviária" (eufemística alusão aos assassínios no asfalto), já não há violência doméstica. Ninguém mais ouviu falar de tudo isto, que antes dominava os telediários. Nem sequer uma palavra, nos dias que vão correndo, sobre os riscos do aquecimento global, o degelo no Pólo Norte e a desmatação da Amazónia. Até a menina Greta se eclipsou do mapa mediático. "Vinte-vinte" é o ano do vírus. E 2021 ameaça repetir a dose, sem fim à vista.»
