DELITO há cinco anos
João André: «O melhor são as pessoas que usam as luvinhas e as máscaras e depois de mexer em tudo o que encontram, puxam do telemóvel e encostam-no ao ouvidinho, trazem perto da cara. E depois arranjam a máscara constantemente, ajustam óculos de sol, coçam o nariz e comem a comida com as luvas que não lavaram ou trocaram. Lá está, o vírus é simpático, não vai para a comida - eu também não ia para alguma desta comida que se compra na rua.»
José Navarro de Andrade: «"Para nós tudo, para os nossos inimigos nada, para os demais a lei." (Frase atribuída a um dos primeiros barões do regime democrático.)»
Sérgio de Almeida Correia: «Graças a mais uma decisão, que teve tanto de ilegal quanto de arbitrária e caricata, prossegue o acelerado processo de erosão das liberdades fundamentais e da autonomia da Região Administrativa Especial de Macau, visando a sua integração plena na República Popular da China. Depois de há um mês ter dado autorização para a utilização de espaços públicos para apresentação de uma exposição fotográfica itinerante sobre o 4 de Junho de 1989, e o que aconteceu na Praça de Tiananmen, o Instituto dos Assuntos Municipais (IAM) resolveu, na passada sexta-feira, 8 de Maio, já com a exposição a decorrer, “revogar” a sua própria decisão.»
Eu: «Le Métèque entrou-me casa adentro, em sessões contínuas, ficando a marcar o Verão dos meus 13 anos. Quando a rádio me acompanhava de manhã à noite e eu me preparava para mais uma mudança – noutro continente, noutra cidade, noutra escola, com novos colegas, num país em ebulição. Tudo era diferente, até a música que se escutava. O romantismo estava fora de moda, a poesia dera lugar ao estribilho de comício, a política imperava, todos advogavam a revolução para ontem. Por longos meses que nos pareciam décadas, a chamada “língua do império” – a que os Beatles e os Stones conferiram passaporte mundial – fora banida das ondas hertzianas. Soava a “degradação burguesa”, fosse lá isso o que fosse. Sou, portanto, de um tempo em que se ouvia muita música em francês devido às encruzilhadas da História. E, por via disso, dou por mim a pertencer à última geração francófila – muito em função de canções que nunca deixam de me soar na memória.»