DELITO há cinco anos
Paulo Sousa: «Só quem vive alienado não reconhece que entre o regime e demasiados portugueses existe um vazio que politicamente alguém irá preencher. Insistir em chamar facho a quem diz que o que temos não é suficiente é negar a realidade, é adiar reformas e alimentar radicalismos.»
Eu: «Quase nada de bom consigo associar a esta pandemia que destrói vidas, poupanças, empresas e empregos. Excepto no linguajar oficial imposto pela correcção política, que confunde sexo com género. Acabaram, ao que parece, as incontáveis duplicações de substantivos ignorando a norma gramatical que entende como genérico o plural masculino. Andámos anos a ouvir certos políticos matraquearem a pleonástica fórmula "portugueses e portuguesas, trabalhadores e trabalhadoras, funcionários e funcionárias, todos e todas". Isto parece pertencer já ao passado. Tenho escutado mais conferências de imprensa neste mês de reclusão forçada do que em todo o ano que ficou para trás. Até ao momento não ouvi ninguém dizer "infectados e infectadas, desalojados e desalojadas, detidos e detidas, hospitalizados e hospitalizadas, recuperados e recuperadas, falecidos e falecidas". O velho plural masculino afinal sempre continua a revelar utilidade na comunicação política.»