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Delito de Opinião

Degradação em marcha acelerada

Pedro Correia, 15.11.22

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Activistas estudantis ligados ao Bloco de Esquerda, com o apoio expresso da líder deste partido, decidiram fechar a cadeado estabelecimentos públicos de ensino, negando aos colegas o direito a ter aulas, para protestarem. Não contra as atrocidades cometidas pela Rússia na Ucrânia, não contra o morticínio de mulheres no Irão, não contra as trevas medievais que voltam a abater-se sobre o Afeganistão, não contra o Mundial de Futebol no Catar, país que viola direitos fundamentais. 

Nada disto: estão a manifestar-se pelo «fim das energias fósseis». E elegem como alvo, nesta cruzada, o ministro da Economia e do Mar, por ter estado ligado à indústria do petróleo durante a sua longa e prestigiada actividade profissional. Foram ao ponto de, neste sábado, invadirem as instalações da Ordem dos Contabilistas, onde António Costa Silva se encontrava numa reunião privada. Os berros não deixavam lugar a dúvidas: «Fora! Fora! Fora Costa Silva!»

 

O tal movimento, intitulado "Greve Climática Estudantil Lisboa", reclama o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão imediata do ministro.

Normal? Claro. Sendo bloquistas, e tendo a "geringonça" terminado faz agora um ano, é natural que descubram enfim as virtudes do protesto após seis anos de colagem ao PS, bem reflectida na aprovação de seis Orçamentos do Estado.

Nada normal é ver ministros solidários com aqueles que querem correr com o colega da Economia.

 

Pedro Nuno Santos, titular das Infraestruturas, assegura que a luta dos jovens pelo clima é «absolutamente justa».

O ministro da Educação, João Costa, diz-se «absolutamente solidário com a causa dos alunos de promoção da saúde do planeta», realçando que se trata de uma causa «nobre e justa».

E o responsável pela Administração Interna, José Luís Carneiro, proclama: «É muito importante sentirmos que nas novas gerações há um compromisso enraizado já com esse objectivo, que é de toda a humanidade.»

Fogo amigo: em tons diversos, três incentivos à saída de Costa Silva do Governo, vindos de colegas que se sentam com ele no Conselho de Ministros.

Isto está a degradar-se mais depressa do que parecia. Ei-los a descer a rampa, já em marcha acelerada.

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