De disparate em disparate
Rui Rio, como se não tivesse já adversários em número suficiente, decidiu abrir mais uma frente de batalha. Mas ainda não foi desta vez que começou a alvejar o Governo: preferiu atirar-se ao Presidente da República, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa faz uma análise «muito optimista um bocadinho superficial» da cena política portuguesa.
«Temos uma crise efectiva de regime, com um descrédito muito grande de todo o sistema partidário», disse hoje Rio aos jornalistas. Falava como se não fizesse parte do sistema partidário e não fosse ele próprio líder de um partido desde Janeiro de 2018. Falava como se não andasse há quase 40 anos na política portuguesa - como vice-presidente da JSD, deputado social-democrata, vice-presidente do grupo parlamentar, secretário-geral do PSD, presidente da Câmara do Porto eleito pelo partido laranja e presidente da Junta Metropolitana do Porto antes de assumir as actuais funções.
Foi preciso ter conduzido o partido à mais estrondosa derrota eleitoral de sempre para se alarmar com a «crisa efectiva de regime». Cabe perguntar se falaria assim caso o PSD não tivesse ficado 11,5 pontos percentuais atrás do PS nas eleições que ocorreram faz hoje oito dias.