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Delito de Opinião

Covidices

Maria Dulce Fernandes, 28.04.22

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Comecei há dois dias com uma tosse seca, persistente e irritante, tal e qual aquela que me chega com os pólens e os pós e é a grande mentora das minhas alergias.

Ontem à tarde, o meu marido começou a tossir também. Ele, que não tem alergias, deixou-me de pé atrás. Fiz autoteste e os dois risquinhos não se fizeram esperar. 

Fiquei a olhar para aquela coisa branca como um burro para um palácio, com a minha bazófia da invulnerabilidade nas lonas. 

Passado o choque e depois de informar a família e os colegas com quem estive em contacto, sentei-me, respirei fundo e comecei com os procedimentos indicados, ligando o número da Saúde 24, que estranhamente respondeu de imediato. Depois de todas as perguntas de despiste, resolveu a simpática menina que eu tinha que ser avaliada por um médico, remetendo-me para o Centro de Saúde da minha área de residência durante o dia de hoje.

Eram 7:50h, porque a minha noção de pontualidade é um relógio suíço, estava à porta do dito centro. Munida do SMS da Saúde 24, dirigi-me ao segurança que me pediu o CC e me desterrou para uma cadeira longe de toda a acção, como manda a lei.

Passada cerca de hora e meia, chega uma senhora ao meio do corredor e pergunta alto e bom som, sem se aproximar sequer ao alcance de 2 metros, se eu era a senhora infectada. Anuí. Deu uns passos em frente, estendeu-me um papel e, depois de me informar que os médicos do centro não avaliam utentes infectados, informou que iria ser contactada durante o dia para uma video-consulta. Então e a pieira, a falta de ar e a auscultação? Pois, não pode ser. Se me sentir mal, devo dirigir-me ao hospital mais próximo. 

E eu, que andava tão necessitada de uma boa gargalhada, precisei de ficar infectada com Covid19 para a conseguir.

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