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Delito de Opinião

Contra as alterações climáticas

José Meireles Graça, 22.11.22

Quando a Gronelândia foi descoberta por um norueguês de nome impronunciável, nos alvores do séc. X ou por aí, a temperatura no sul da ilha era superior à actual. No resto do planeta era o mesmo: temperaturas iguais ou maiores do que as que hoje temos, se bem que a coisa não fosse durar muito (mais dois ou três séculos), como consequência dos esforços das autoridades de então contra aquele aquecimento global.

Érico o Vermelho (assim crismado por causa da cor do cabelo, não porque tivesse inclinações comunistas) aí estabeleceu o primeiro assentamento europeu, perto do fim do mesmo século e, muito tempo volvido, os colonos deram à sola, que estava um frio que não se podia e as couves tinham uma grande dificuldade em medrar.

Sobre o nome da terra há várias teses, a que mais aprecio sendo que “Terra Verde” decorria do facto de ser intensamente verde, fenómeno que bem pode voltar a ocorrer se a tendência actual de aquecimento se vier a robustecer.

Medir a temperatura parece, mas não é, uma coisa simples, as medições sistemáticas são relativamente recentes, séc. XIX, e ela, infelizmente, não evolui em toda a parte da mesma maneira. De modo que para obviar a estes inconvenientes se cunhou a expressão “alterações climáticas”, que tem a grande vantagem de cobrir qualquer fenómeno que pareça anómalo (cheias, tufões, canículas) e inclusive contrariar aquele bordão melancólico de todos os velhos, segundo os quais já não se faziam tempestades como antigamente.

Pois bem: Lamento informar que o meu quintal está um lamaçal cheio de poças, que a chuva não dá mostras de abrandar, que os vidros se apresentam pudicamente embaciados e que, como se tudo isto não fosse suficiente, está um frio de rachar.

E estes factos, e estas considerações, servem para me confessar um fervoroso adepto do aquecimento global, rejeitando portanto a deriva demagógica das alterações climáticas.

Dir-se-á que a perspectiva de morrermos todos assados, afogados ou de sede, não é exactamente aliciante.

Porém, lembro que o ar condicionado combate com eficácia o calor; que mal posso esperar para comprar uma casa à beira-mar logo que os respectivos preços comecem a baixar por causa da subida do nível das águas; e que as moléculas de água não vão diminuir, donde confio na técnica, e na engenharia civil, para a ir buscar onde a há, depurando-a se for preciso.

Estas são as horas em que normalmente vou dar o meu extenso passeio a pé. Tenho um impermeável que faz jus ao nome, mas por isso mesmo me despeja sobre os pés verdadeiras cataratas, não me vendo a caminhar de galochas.

Daí que consigne neste recanto as minhas queixas e a minha fé.

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