Contas à moda do Porto
Terei de rever os meus conceitos de vencedor e vencido. Lendo a análise detalhada aos resultados autárquicos no concelho do Porto, ontem divulgada no Público, leio que Rui Moreira «é um dos derrotados da noite eleitoral» pois «ficou-se pelos 40,72%». Ou seja, ganhou. Deixando a perder de vista todos os outros candidatos.
Esclarece o Público que o PSD «foi um dos vencedores da noite» no Porto. Porquê? O candidato social-democrata, Vladimiro Feliz, conseguiu «eleger mais um vereador» do que em 2017, «conquistando 17,25% dos votos». E «duplicou o número de mandatos».
O Bloco de Esquerda é ali «o outro vencedor». Motivo: foi enfim capaz de «eleger um vereador», tendo recolhido 6,25% nas urnas.
Recapitulando: o «derrotado» obteve mais 23,47% do que um dos «vencedores» e mais 33,47% do que o outro «vencedor».
A análise omite quantos vereadores Moreira, protagonista desta «derrota política», elegeu no Porto. Fui conferir, noutros periódicos: foram seis. Faltou também explicar em que consistiu a tal duplicação de mandatos do candidato Feliz: o PSD tinha só um, passaram a ser dois.
Admirável derrota, quando se consegue eleger mais quatro e mais cinco representantes, respectivamente, do que as duas forças «vencedoras». Agradeço ao Público tão brilhante análise.