Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Confinamento não é para desempregados

Teresa Ribeiro, 19.01.21

Não sei há quantos anos se inventaram, para quem recebe subsídio de desemprego, reuniões obrigatórias periódicas. Em teoria são sessões que servem para que cada beneficiário apresente provas em como ocupa o seu tempo a procurar emprego, mas também para receber orientações e sugestões úteis por parte dos elementos do Instituto de Emprego e Formação Profissional que as lideram. Na prática, segundo consta, estas ações não têm préstimo algum, não passando de mero procedimento burocrático. Desde logo porque juntam na mesma sala gente com aptidões tão díspares como as de servente de pedreiro, contabilista ou professor do secundário.

Em pleno pico da pandemia, a minha amiga Madalena, jornalista de profissão, é obrigada a cumprir esta penitência. Na sexta-feira lá vai ela sair de casa e meter-se nos transportes públicos para comparecer numa reunião que vai durar a manhã inteira, onde gente de várias proveniências se vai juntar na mesma sala, simplesmente para assegurar que não lhe cortam o subsídio. Ou seja, enquanto exorta os trabalhadores a ficar em casa, este governo continua a exigir aos desempregados que desconfinem. Porquê? Porque sim!

4 comentários

  • Imagem de perfil

    Teresa Ribeiro 19.01.2021

    Tenho pena que isto não chegue às televisões. Devia ser denunciado em grande escala!
  • Imagem de perfil

    Costa 19.01.2021

    As apresentações quinzenais foram placidamente aceites, anos a fio, pela sociedade. Não creio que tenham suscitado o menor estremecimento por parte de líderes de opinião; para lá, enfim, de algum ocasional protesto de circunstância. Se o houve. De circunstância, apenas. A sociedade curvava-se, submissa.

    E se o foram - esse acto humilhante, próprio do direito penal, aqui puramente burocrático, estéril e emocionalmente demolidor (e bem testemunhei, em familiar próximo, longamente, o efeito dessa humilhação) - que onda de indignação esperar, por parte deste nosso povo, face a algo que, "no papel", até visa ajudar o desempregado?

    As coisas são como são porque o Soberano (usualmente espezinhado e que gosta de espezinhar) o aceita. Convém ter um povo fraco, mas achando-se forte.

    Costa
  • Sem imagem de perfil

    V. 20.01.2021

    Não é bem verdade. O Bloco de Esquerda —justiça lhe seja feita— já falava da situação de chantagem e humilhação a que os desempregados estavam sujeitos nesses "mecanismos de controlo" e foi o Bloco que forçou Costa a alterar a lei durante a Geringonça.

    Eu acrescentaria as condições deploráveis de atendimento sem privacidade nenhuma na maioria dos centros de Emprego. Quem estava à espera ouvia toda a conversa do técnico com o utente, muitas vezes na mesma sala ou com uns biombos ridículos. Deviam ter vergonha. E andavam por lá todos contentinhos, a ver quando é que chegava a hora de almoço. Repugnante tudo aquilo. Detesto aquela gente toda sem excepção.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.