Conceito pouco original este do conceito pouco original
Vivemos tempos - sinto que já posso usar expressões como "vivemos tempos", depois dos 35 anos dei comigo a dizer coisas assim - em que muito se aponta o dedo e pouco se sugere. Sempre se fez isto, com as redes sociais só ficou mais evidente. Eu frequento mais o twitter que o Facebook, mas é neste segundo que vejo mais vezes acontecer. Bom, agora que penso nisso no twitter também haverá comportamentos semelhantes... mas a timeline desce, desaparece e a coisa passa, não se presta tanto ao forum e ao ódio em escalada.
Alguém toma uma iniciativa, e logo vem o dedo em riste "eu já vi isso, isso já foi feito na Islândia, assim não vale". Um jornal, uma empresa, alguém copiam assumidamente uma ideia porque acharam boa, e logo alguém se insurge "ah, não não. Isso era muito giro, mas imitado já não, lamento".
Diariamente tropeço em inquisidores de sofá. Imagino-os muito aborrecidos, entre um candy crush e um like, a destilar os seus ódiozinhos e irritações. Talvez seja terapêutico, não sei. E são assim no humor, nas séries, na vida: "Isso já foi feito, eu vi muito primeiro, não contem comigo para gostar". Acho cansativo e redutor, mas que sei eu.
E sugerem alternativas, têm ideias, perguntam-me. Não, têm zero. Se eles estão aborrecidos temos de o estar todos. Toma lá que já te apontei o dedo, perdi tempo num comentário azedo, e arrumei-te.
Se querem sobressair podem apenas fazer um comentário com uma referência inteligente "ah muito giro, tinha visto *inserir pessoa/local/plataforma/marca* e achei boa ideia também", boa? Eu não sou nada de andar sempre com o discurso "na vida é preciso sorrir", mas claramente precisamos. De sorrir e usar mais português. Também acho que passa muito pelo não se saber escrever mais que o vulgarzinho de Lineu (também posso usar esta).