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Delito de Opinião

Como se fossem obscenidades

Pedro Correia, 22.03.21

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Nova Ninhada de Gatinhos, óleo de John Falter (1954)

 

Sexta-feira foi Dia do Pai. Ou era, já não sei. Porque a cartilha politicamente correcta manda adoptar nova designação, que ouvi repetida várias vezes: agora é Dia dos Pais. Tal e qual, neste descafeinado e confuso plural pós-moderno. Como se fosse a mesma coisa.

Questiono-me se em Maio também será assinalado o Dia das Mães. Para combater aquela anacrónica noção de só haver uma mãe - tese que alguns de nós, impenitentes reaccionários, ainda perfilhamos.

Já falta pouco para saber.

 

As luminárias vanguardistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, resolveram entretanto este dilema adoptando uma cartilha de linguagem "inclusiva" que elimina palavras como mãe e pai. Manda a nova etiqueta que se diga guardiã ou guardião, como se a mãe fosse a baby sitter e o pai fosse pastor de cabras ou ovelhas.

Já chegam atrasadas. Pioneira nesta novilíngua foi uma escola novaiorquina - a Grace Church, em Manhattan - que se antecipou a decretar obsoleta, quiçá mesmo "fascista", qualquer alusão a pai ou mãe.

Como se fossem obscenidades. 

 

As meninas e os meninos agora só têm autorização para dizer adultos ou família. Aliás meninas meninos são vocábulos também banidos: agora diz-se amigos ou malta. É mais fixe, é cool

Em nome da "inclusão" que exclui. Na melhor lógica orwelliana: ignorância é força, paz é guerra, liberdade é escravidão.

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