Como se a morte não existisse
Eufemismos da linguagem corrente contaminam em força o jornalismo. Agora não se morre: parte-se. Como quem vai de férias para qualquer lado.
É cada vez mais patente a nossa dificuldade em lidar com a morte. Ao ponto de eliminarmos a palavra do vocabulário de todos os dias. Como se a morte não fizesse parte da vida. Como se ela jamais chegasse pelo simples facto de a banirmos do nosso convívio. Como se fôssemos eternos personagens de um filme fofinho dos estúdios Walt Disney, fatalmente condenados a um final feliz.