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Delito de Opinião

Comer (10)

Da série ao prato: como cozinhar chakchuka

Pedro Correia, 12.02.23

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Às vezes os pratos que cozinhamos nascem assim: de um imprevisto que sabemos captar a tempo. Aconteceu-me com este. Estava seguir uma série israelita na Netflix chamada Atropelamento e Fuga ("Hit and Run" no idioma do império), quando vi duas personagens, já roídas pela fome, recorrerem à tradicional comida de rua, ali tão em voga. Comiam o quê? Algo chamado chakchuka. Popularíssimo não apenas naquele país, mas em toda aquela região do mundo, talvez com outros nomes e diferenças pontuais de ingredientes.

Fiz uma pesquisa rápida e tratei de passar aos actos. Não sei se convosco sucede o mesmo: gosto de descobrir a chamada cozinha "exótica" (só é exótica para quem a não conhece, podendo a nossa também ser classificada assim por aqueles que nunca a provaram). Tenho feito boas descobertas graças a esta curiosidade inata, aguçada pelo apetite. Foi o caso.

 

Será comida de rua, banal naquele contexto, mas é deliciosa. Com ingredientes muito simples: dois ovos, pimento, tomate, cebola, alho, umas fatias de pão. Condimentos: salsa, cominhos, pimenta, açúcar.

Começo por fritar a cebola em duas colheres de azeite, frigideira em chama alta. Junto meio pimento vermelho cortado em tiras, pico um alho e envolvo-o na cebola. Três minutos bastam antes de adicionar quatro tomates em pedaços, mantendo o lume alto até borbulhar. Avançam então os temperos: salsa, pimenta (malagueta, sem sementes, pode ser boa alternativa), uma colher de café de cominhos e uma colher de sobremesa de açúcar (ou mel) para cortar a acidez do tomate.

Tapo a frigideira, fica cerca de um quarto de hora em lume brando.

Entretanto vou cortando fatias de pão - calhou-me ser pão de gengibre, já encetado - e um pedaço de queijo feta. Cobrem a base do prato, aguardando companhia. Chegará após escalfar os ovos na frigideira abrindo ali duas pequenas covas para o efeito. Concluída esta etapa, fica pronto a servir.

Antes de verter o petisco, ainda o polvilho com manjericão e azeitonas.

 

Poder-se-á chamar a isto comida mediterrânica? Creio que sim. Israel fica à beira do Mediterrâneo.

Faz falta carne? De modo algum. 

E eis como uma banal série televisiva, com tiros e perseguições de automóvel, pode servir-nos de inspiração para um prato fácil, barato e muito saboroso. "Comida exótica", dirão os tais do império. Exótico, para mim, é comer bacon ao mata-bicho, hamburgers ao almoço e hot dogs ao jantar. Não me apanham nessa.

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