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Delito de Opinião

Com os olhos no Ártico

Luís Naves, 11.01.25

Imagem satélite.jpg

A Imprensa tem apresentado a questão da compra da Gronelândia pelos EUA como um capricho alucinado de um presidente eleito, a concretizar com uso da força. Basta olhar para um mapa e escavar a informação para perceber que o caso tem explicação racional. Durante a II Guerra Mundial, quando a Dinamarca foi ocupada pelos nazis, os americanos controlaram completamente o território. Depois da guerra houve uma tentativa de compra, recusada pela Dinamarca, mas os EUA ficaram com uma base que ainda hoje existe e pela qual não pagam direitos. Trump quer comprar a ilha, fala em novo Estado americano e a Dinamarca recusa vender. No entanto, o território é uma região autónoma e os partidos independentistas representam 80% dos 50 mil nativos, sobretudo Inuit. A independência será um processo provável e natural, concretizado por referendo. Segue-se uma fase de associação, que dará maior influência aos americanos. A imagem de satélite esclarece o que está em causa: o controlo do Oceano Ártico e a rivalidade com a Rússia, o que implica acesso a matérias-primas não exploradas e controlo de potenciais rotas marítimas que resultam do degelo e que podem encurtar as viagens entre Europa e Ásia.

A imagem tem dez anos e mostra a placa de gelo mínima e máxima (linha amarela), no inverno e verão. A Gronelândia, à direita, adiciona os direitos americanos à plataforma continental. Os EUA têm acesso ao Ártico pelo Alasca, território comprado à Rússia no Séc. XIX por 7,2 milhões de dólares.

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