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Delito de Opinião

Coisas que me apoquentam

João André, 04.03.15

Há coisas que não entendo muito bem. Se um privado pedir dinheiro para comprar uma casa, ela é usada como garantia. Se não se puder pagar a dívida, o banco pode ir buscar a casa e, caso o seu valor tenha caído, o privado ainda continua a dever dinheiro. Coprar a casa é um investimento que pode correr mal, portanto.

 

Se uma empresa pedir dinheiro para expansão e a coisa correr mal, o banco não só pode pedir a execução dos bens para pagar a dívida como pode ainda perseguir os indivíduos da empresa para ser ressarcido do montante. O empréstimo é portanto um investimento que pode correr mal.

 

Se um país pedir dinheiro emprestado ("emitir dívida", no jargão engana-parvos) tem de o pagar de volta. Se a sua economia não crescer o suficiente para pagar essa dívida, fica com uma maior que anterior (pede dinheiro para pagar a dívida anterior). Pedir esse dinheiro é mais um investimento que pode correr mal.

 

Se um banco emprestar dinheiro a privados, a empresas ou a países, o dinheiro tem que regressar, seja por que via for (por dívida ad aeternum, reemissão de dívida, compensação por estados, etc). Ou seja, apesar de um banco emprestar dinheiro com a esperança de receber mais que aquele que emprestou - faz, por definição, um investimento - não partilha quase qualquer risco, este é eliminado por via da obrigação quase absoluta do endividado.

 

Não contesto que uma dívida deve ser paga (se não o for sofrem-se as consequências de se perder credibilidade, por exemplo). Mas, coisa que me apoquenta: sou só eu que tem a impressão que há aqui qualquer coisa que não bate certo?

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