Cinquenta livros de 39 autores
Já tinha falado disto aqui, venho só fazer uma actualização ao tema. Em Maio do ano passado, quando tentei elaborar a lista dos dez melhores romances e novelas portugueses do século XX, verifiquei que para esse efeito ainda me faltava conhecer muitas obras. Elaborei então um ambicioso plano de leituras que me permitisse colmatar tal falha.
E assim foi. Nestes nove meses, no estrito cumprimento desse plano, li (ou reli) cinquenta livros. Aproveitando todos os momentos disponíveis - de manhã, à noite, ao fim de semana, em férias, em viagens de trabalho, nas deslocações quotidianas de transportes públicos pela cidade.
Consegui. Ampliei os meus horizontes literários, conheci autores que nunca havia lido, elegi umas quantas obras-primas que passam a integrar o meu panteão pessoal.
Foram estes os escritores que me acompanharam desde Maio: Eça de Queiroz, Raul Brandão, Judith Teixeira, Aquilino Ribeiro, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Henrique Galvão, Ferreira de Castro, José Rodrigues Miguéis, Tomaz de Figueiredo, Miguel Torga, Joaquim Paço d'Arcos, Manuel da Fonseca, Alves Redol, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues, Isabel da Nóbrega, José Cardoso Pires, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Nuno Bragança, Orlando da Costa, Rentes de Carvalho, Helena Marques, Fernando Assis Pacheco, Teolinda Gersão, Vasco Graça Moura, Américo Guerreiro de Sousa, António Lobo Antunes, Mário de Carvalho, Teresa Veiga, Eduarda Dionísio, Lídia Jorge e Rui Zink. Trinta e nove, no total: ficam aqui anotados pela ordem de nascimento. Entre 1845 e 1961.
Reparo agora que a lista inclui nove escritoras, algumas das quais desconhecia por completo enquanto leitor. E autores do Minho (Tomaz de Figueiredo) ao Algarve (Lídia Jorge), não faltando naturais dos nossos antigos territórios ultramarinos (Orlando da Costa, moçambicano de ascendência goesa; Almada, nascido em São Tomé).
Li ou reli quatro livros de Agustina, quatro de Lobo Antunes, três de Aquilino, três de Miguéis, três de Vergílio: foram os autores que mais frequentei ao longo destes meses.
Hei-de falar mais em pormenor destas leituras que me sensibilizaram não apenas no plano intelectual e estético mas também no plano histórico e social, enquanto retratos da sociedade portuguesa no século em que nasci.
Mas queria anotar desde já alguns dos melhores romances, por ordem de publicação: Emigrantes (Castro, 1928), Vindima (Torga, 1945), A Sibila (Agustina, 1954), A Casa Grande de Romarigães (Aquilino, 1957), Quando os Lobos Uivam (Aquilino, 1958), A Escola do Paraíso (Miguéis, 1960), Barranco de Cegos (Redol, 1961), Sinais de Fogo (Sena, 1979), Os Cus de Judas (Antunes, 1979), Para Sempre (Vergílio, 1983), Auto dos Danados (Antunes, 1985), O Último Cais (Helena Marques, 1992), Trabalhos e Paixões de Benito Prada (Assis, 1993) e O Vale da Paixão (Lídia, 1998).
Se quiserem, digam-me quais são os romances de que mais gostam, entre todos quantos foram publicados em Portugal durante o século XX. Pela minha parte, prometo publicar aqui a tal lista dos dez melhores que me serviu de mote a tão gratificante empreitada.
Confesso: só não o faço já porque ainda me restam alguns livros para ler.
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