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Delito de Opinião

Chéquia - Portugal (0-4): o futebol não é para mulheres

jpt, 26.09.22

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Anteontem assisti ao Chéquia-Portugal, jogo não só importante para a qualificação à fase final da secundária Liga das Nações mas também muito relevante para se aquilatar das capacidades da "equipa de todos nós", quando se apresta a cumprir o Mundial, ao qual já há meses o seleccionador Fernando Santos se apresentou como candidato à vitória.

Fiquei verdadeiramente surpreendido. Pois, ao invés do que se tornara hábito, antes do apito inicial os jogadores não se ajoelharam em gesto solidário. Como não o tinham feito durante a execução do hino nacional ou mesmo na realização do fotografia protocolar. Nenhuma atitude simbólica.

Ora há dias a iraniana Mahsa Amini foi assassinada pela polícia iraniana, devido a ter sido considerado incorrecta a forma como expôs os cabelos. Tal atitude das autoridades estatais provocou manifestações de repúdio naquele país, e até ao dia deste nosso jogo de futebol já haviam sido mortos pelo menos 36 pessoas pela polícia iraniana. E os nossos jogadores, que se vinham habituando a usar os jogos da selecção para saudavelmente exprimirem opiniões políticas de solidariedade internacional, deixaram-se mudos e quedos. Não há qualquer dúvida do sentido daquilo que os nossos campeões quiseram significar: "o futebol não é para mulheres!".

De qualquer forma, logo nesse início do jogo, fiquei mais capaz de compreender outras posições semelhantes. Pois ficara surprendido com a ausência de manifestações solidárias com Mahsa Amini, sua família e sua "comunidade", convocadas por instituições mais tendentes a estas causas solidárias, como os partidos LIVRE e BE. Tal como, talvez distraído e nisso relapso no folhear, notara a inexistência de textos veementes, e apelando à mobilização geral para esta "causa", publicados no jornal do grupo SONAE, este muito vinculado ao sempre solidário Bloco de Esquerda. E ainda me surpreendera por não ter visto ecos nas redes sociais - às quais ando um pouco alheado, dado um incómodo ciático que me acometeu e que tanto me impacienta - das habituais geniquentas feministas, da abissal Coimbra e não só, sempre lestas a contestar o heteropatriarcado normativo do explorador capitalismo ocidental. Enfim, de tudo isto retiro a confirmação da tal velha máxima: "o futebol não é para mulheres!".

Enfim, após aquela reflexão sobre questões de "género", lá vi os seguintes 89 minutos (+ tempo de compensação) do jogo da selecção. Esta está bem e recomenda-se. Espero que assim se mantenha, feita de homens talentosos, de barba rija e de máscula organização.

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