Chega, Chega, Chega, Chega, Chega, Chega, Chega, Chega, Chega, Chega


Ontem à tarde acompanhei, em dois canais de notícias, debates pós-eleitorais com vários comentadores a analisar as autárquicas. Em ambos o Chega "venceu" por maioria absoluta. Nenhum outro teve sequer um tempo de antena aproximado.
O debate da SIC Notícias durou 26 minutos. Período em que o Chega foi mencionado 52 vezes (uma a cada 30 segundos), deixando todos os outros a larga distância. O segundo foi o PS (24 vezes) e o PSD fechou o "pódio" (12 vezes). Os restantes? Bloco de Esquerda seis vezes, AD cinco, CDS três, PCP uma.
O debate da CNN Portugal durou 19 minutos. Com domínio ainda mais esmagador do partido de André Ventura: mencionado 44 vezes. Aqui também o PS em segundo (18 vezes). Depois o BE com sete, o PSD com apenas três. A conta completou-se com singelas menções à AD e ao Livre: uma cada.
Nada mais.
Assisto, perplexo, a este frenesim comentadeiro em torno do Chega nos mesmos canais que passam o tempo a "denunciá-lo". Atracção e repulsa em simultâneo, com incompreensível desproporção face a outras forças políticas.
Ouvindo estes debates, dir-se-ia que Ventura foi o grande triunfador destas autárquicas em que afinal perdeu cerca de 800 mil votos na comparação com as legislativas de 18 de Maio e venceu em apenas três municípios, perdendo nos restantes 305. Dez vezes abaixo da marca que previu.
Em número de presidências de câmara, o Chega estacionou em sexto - atrás do PSD (135), do PS (128), dos movimentos independentes (20), da CDU (12) e do CDS (7). Contrariando em toda a linha o que Ventura anunciara poucos dias antes do escrutínio: seria «impensável» ficar abaixo de comunistas e centristas. Mas ficou.
Não pode queixar-se, porém. Nos canais de notícias, os comentadores continuarão infatigavelmente a falar dele e do seu partido - dando-lhe palco, dando-lhe gás. Como se vencesse em toda a linha, mesmo quando perde. Como se os outros quase nem existissem, mesmo quando ganham.
Nos intervalos, a tribo comentadeira queixa-se do "extremismo" e do "populismo". Que vão medrando precisamente com o prestimoso auxílio destes canais.

