Cenas do "novo normal"
Agora há disto todos os dias: filas cada vez maiores à porta de farmácias (sem cumprimento do saudável distanciamento físico recomendado pela doutora Graça) e de barracas improvisadas para o efeito. Testes e mais testes e mais testes e mais testes. Um negócio chorudo para farmacêuticos, laboratórios e fabricantes de toda a parafrenália indispensável a tais procedimentos.
Em horário laboral, nas principais cidades do País (a imagem é de Lisboa, ontem, cerca do meio-dia), dezenas e dezenas de pessoas vão-se acumulando nestes estabelecimentos para obter o almejado comprovativo sanitário. Que tem 72 horas de validade, implicando assim a realização de outro teste três dias depois. E outro e mais outro e mais outro e mais outro. Numa incessante espiral de ansiedade em busca de um objectivo inalcançável: a pureza virológica.
A procura é tanta, instigada pelo contínuo alarmismo dos meios de comunicação, que as farmácias estão já há semanas sem vagas para testes no Natal, como hoje noticia o Expresso.
São cenas do "novo normal". Quem não entra nestas filas cada vez mais compactas começa a tornar-se suspeito de militar contra a democracia e vai sendo marcado com o ferrete da obstrução à ciência, como um leproso de tempos antigos transportado para este maravilhoso século XXI.