CDS
Em Aveiro estava um tempo ameno e na esplanada de um snack, aí pelas 4 da tarde, senti por momentos um friozinho abençoado. Vinha esfomeado e satisfeito: receava um Congresso despido de pessoas, afastadas desconsoladamente pela concorrência de novos circos que estão na cidade da política, pelos maus resultados eleitorais e pela natureza burocrática dos assuntos que lá juntaram os congressistas. Tratava-se de alterar os estatutos num sentido que nem todos entenderam, incluindo-me. Por preguiça, não me dei ao trabalho de ler os textos – o líder queria alterações, e eu entendo que deve ter todos os meios que lhe possam ser dados pelos militantes para levar a sua cedeessística tarefa a bom porto.
Assim o entendeu também a sala, esmagadoramente.
Houve discursos muitos, bastantes chatos (faz parte), alguns veiculando pontos de vista, para dizer o mínimo, discutíveis (também faz parte), e os trabalhos foram conduzidos com decência e isenção, sem faltar o tradicional derrapar no cumprimento de horários – o CDS é um partido de tradições e nem todas são boas.
Partido moribundo? Algumas figuras gradas falaram no encerramento, percebendo-se que as posições de destaque que já tiveram não lhes caíram no colo por sorteio da farinha Amparo.
De modo que o doente parece que está no início da sua recuperação. Longa será, mas é como diz o povo: o que não nos mata engorda. E o CDS, que nunca foi obeso, parece que vai agora voltar a ganhar o peso que já foi seu.