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Delito de Opinião

Cayetana, rebelde e simples

Rui Rocha, 21.11.14

Os meios de comunicação social espanhóis entraram nas últimas horas numa competição extenuante pelo título da peça jornalística mais elogiosa sobre a longa vida e incomensurável obra da Duquesa de Alba. Na política, da direita mais empedernida que não perdeu a oportunidade de se exercitar na técnica da hagiografia, à esquerda naturalmente mais comedida, também ninguém quis perder a oportunidade de juntar ao cortejo fúnebre de elogios e panegíricos. Pelo visto, e de acordo com a abundante matéria produzida sobre o tema, aquela que alguns no país vizinho não hesitam em apelidar como "la más grande de España", era uma mulher rebelde e simples. Esta parece ser uma descrição adequada da realidade. Sobre a rebeldia, basta ter em conta que durante a guerra civil espanhola, quando toda a população passava fome, Cayetana decidiu permanecer na abundância. Depois, em 1948, com o país sumido na mais tremenda penúria, um dos seus casamentos terá custado coisa de 500 milhões de euros a valores de hoje (dados publicados em 1988 pela revista HOLA que, como se sabe, é nestas matérias a publicação de referência). Sobre a simplicidade, também não restarão grandes dúvidas. Bastará perguntar a qualquer um dos seus 15 motoristas, 2 mordomos, 24 criadas, 10 jardineiros ou 8 moços de estrebaria e nenhum dirá menos do que isso. Pois isso, Cayetana. Descansa em paz que, por cá, o mundo fica mais pobre. De espírito.

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