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Delito de Opinião

cancelamentos de trump

Cancelamentos de Trump

Cristina Torrão, 17.03.25

A administração de Donald Trump está a limitar ou proibir o uso de centenas de palavras e expressões em agências federais dos Estados Unidos da América, incluindo termos relacionados com género, diversidade, inclusão e saúde.

Algumas das palavras e expressões proibidas:

Mulher, incapacidade, activismo, anti-racismo, designado como homem/mulher à nascença, crise climática, discriminação, diversidade, inclusão, exclusão, feminismo, Golfo do México, discurso de ódio, imigrantes, injustiça, LGBTQ+, homens que têm sexo com homens, saúde mental, minorias, pessoas grávidas, transexual, transgénero, trauma, vítima, sexo.

Como consequência da directiva, o CDC: Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controlo e Prevenção de Doenças) retirou informações de saúde disponíveis ao público, tais como dados sobre o VIH e trabalhos de investigação.

E aqui, uma lista (talvez completa) das palavras-tabu de Trump, anunciado como o grande defensor da liberdade de expressão:

Delito de Opinião

49 comentários

rui castro 17.03.2025

Umberto Eco
“O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”, frisou o escritor e filólogo Umberto Eco, ao receber o título de doutor honoris causa em Comunicação e Cultura, na Universidade de Turim, na Itália. Crítico do papel das novas tecnologias na disseminação de informações, o pensador italiano foi enfático, ao reclamar que “normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”. Para o autor de Apocalípticos e Integrados (1965), antes das redes sociais, os “idiotas da aldeia” tinham direito à palavra “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.
Cristina Torrão 17.03.2025

Embora concorde no essencial com esta ideia de Umberto Eco, as suas palavras suscitam-me alguma crítica. Para já, os próprios conceitos de "idiota" e "imbecil". Quem os define? E quem tem autoridade para os "calar imediatamente"? Enfim, um Prémio Nobel terá mais idoneidade para falar do que um analfabeto, mas só no que respeita à sua especialidade científica ou artística. Também há Prémios Nobeis fascistas, autoritários, prepotentes. E analfabetos solidários, com o coração no sítio certo e dando valor à sua consciência. Respeitam os Direitos Humanos, mesmo que não saibam da existência da declaração. Além disso, nem todos os imbecis foram calados, no passado. Para dar um exemplo comum, Hitler nunca teria chegado tão longe, se tivesse sido calado a tempo.

Com, ou sem, internet, a História é muito susceptível de ser repetida.

O importante é investir na educação e formação, na ética e na solidariedade humana. Porque o mais idiota de todos é aquele que se deixa convencer por um idiota.
Pedro Lemos 17.03.2025

Carlo Cipolla, em "As leis fundamentais da estupidez humana", estabelece critérios para definir quatro valores de ações humanas: idiota, inteligente, vulnerável e trambiqueiro. Segundo o autor, estúpida é a pessoa cuja ação resulta em perdas a outrem sem gerar um ganho para ela. E inteligente é a pessoa cuja ação resulta em ganhos a ela e a outrem. É um livro cínico, mas serve para encaminhar o debate! Acho que Eco se referiu a idiota no conceito mais amplo: aquele que fala sobre o que não conhece ou, o pior de todos, aquele que fala achando que sabe, mas não sabe. Mas para não soar idiota eu próprio, friso que posso estar errado.
Cristina Torrão 17.03.2025

Interessante conceito de inteligência. Subentende reconhecer a sua própria dignidade e a dos outros. Penso que é essencial.
ZEBRA 17.03.2025

E depois há a esperteza, que alguém definiu como sendo a inteligência dos estúpidos, o que me parece uma belíssima definição - e a explicação de personalidades com evidentes traços oligofrénicos e sociopáticos, mas de "vencedores da vida", como Trump e tantos.

Trump serve uma agenda bem maior do que ele próprio: a da Heritage Foundation, que, com o homem certo no lugar certo, vai rastejando na sua sombra e prosseguindo os seus próprios objectivos, que nunca escondeu, verdade seja dita. Quando o tempo estiver maduro, colherão, e Trump será apenas mais um exemplar de idiota útil - outra belíssima definição.
rui castro 17.03.2025

Pitigrilli na Decadência do paradoxo:
«os homens dividem-se e pios e ímpios, mas quem fez a classificação foram os pios»

«No início do século 20, os psicólogos franceses Alfred Binet e Theodore Simon criaram o primeiro teste de inteligência moderno, que calculava o QI com base na capacidade das crianças de realizar tarefas como apontar para o nariz e contar moedas.
Os psicólogos ficaram tão apaixonados pela natureza científica dos testes que criaram sistemas de classificação.
Qualquer pessoa com QI acima de 70 era considerada “normal” e qualquer pessoa acima de 130 era considerada “superdotada”.
Para lidar com pessoas com QI inferior a 70, inventaram uma nomenclatura.
Um adulto com idade mental inferior a 3 anos foi rotulado de “idiota”; entre 3 e 7, para “imbecil”; e entre 7 e 10, “débil mental”.
"Idiota" então se tornou um termo técnico usado em contextos jurídicos e psiquiátricos.
Usar essa palavra, como aconteceu com o latim 'imbecil' para descrever graus de deficiência psíquica, fez com que ela também acabasse sendo um insulto que se refere aos dons mentais do insultado.
Em algumas culturas, “idiota”, assim como “imbecil”, caiu em desuso na medicina algumas décadas depois porque foi considerado ofensivo.
Cristina Torrão 17.03.2025

"Idiota" e "imbecil" são palavras duras. Mas não implica que não as usemos em certas situações. Eu, por exemplo, considero o Trump um idiota. Em determinado contexto, ou acção por ele executada. Se ele se limitar a tratar da sua vida, que seja como quiser, não lhe quero mal nenhum.

Denominar pessoas de idiotas ou imbecis, por terem menos capacidade intelectual, já considero de facto ofensivo. Penso que é determinante se a pessoa age, a fim de prejudicar outros, ou para gerar violência, em plena consciência. Então, sim, é uma idiota.
Francisco Almeida 17.03.2025

Caro Rui Castro, não tome o meu comentário como crítica pessoal ou vontade de polemizar mas os imbecis têm o mesmo direito de voto do que os prémio Nobel.
Umberto Eco, indiscutivelmente brilhante , é socialista e, como todos, não escapa à tentação de imaginar um mundo melhor, mesmo tendo de mudar ou cercear direitos às pessoas que efectivamente existem.

Albino Manuel 17.03.2025

É caso para dizer virou-se o bico ao prego.
Cristina Torrão 17.03.2025

A propaganda funciona muito bem. Uma vez convencidas as pessoas de que se é defensor da liberdade de expressão, as proibições não são entendidas como desrespeito pela dita cuja.
Albino Manuel 17.03.2025

Muitos dessas palavras foram usadas para ameaçar e censurar.

O que mais me surpreende é a aceitação passiva da nova censura, o que dá uma ideia do que foi a censura anterior.

Manuel da Rocha 17.03.2025

O Trump chateou-se (e com razão) por causa dos 80000000 biliões, de páginas, a falar sobre pessoas, só porque são de pele negra, trans, mulheres e lgbtgasfasrfsgsryrufsdawgjfgjdszfasrdawsdsasd+.
Costumo realizar trabalhos, usando o arquivo, da NASA.GOV. Desde 2020, que 90%-95%, das páginas, eram sobre pessoas, porque trabalham/trabalharam, para a NASA/JPL, por serem "não normais". O maior exemplo é a tripulação, que deve voar, no Artemis 2, em que 99,9999%, das páginas, eram sobre o "primeiro negro e a primeira mulher a orbitar, a Lua". Ao ler, as entrevistas, dos 4 astronautas, ninguém falava disso... mesmo assim, eram milhões, de páginas (biliões de triliões, de comentários, em redes sociais), só sobre eles. Ao usar os arquivos, de artigo, 523 milhões, eram sobre, os 2. 8100 artigos, eram sobre, os outros 2 e a missão. Eram milhões, sobre a mesma coisa, que não servia para nada... a não ser dar destaque, que aquele homem é negro e há uma mulher na missão. Os, outros 2, nem aparecem, na, grandíssima, maioria, dos artigos. Ou são notas de rodapé.
Se são 4 tripulantes, porque razão, 99,9999999999999999999999999999%, dos artigos, disponibilizados, pelo empregador e pelos media, são sobre 2?
Nisso, o Trump tem toda a razão, para ordenar a remoção de coisas, que não tem qualquer razão, para serem gastos biliões, de dólares, para promover... alguma coisa, não ligada ás pessoas, nem à empresa. Também notou que, ao apagar, algo, na casa dos 800 terabytes, as visitas, continuam estáveis. Supostamente, 99,999% do planeta, apoia isso, se apagaram milhões de biliões de milhões, de artigos, 99,999%, das visitas deviam ter parado, correcto?
O mesmo para o IRS, o temido, site, do fisco americano. Removeram biliões de milhões, de artigos, baseados na pessoa, etnia, género, sem perderem visitas. Para que gastaram 72110 milhões, de dólares (neste caso, há valores, disponíveis), em 4 anos, para aquilo? Deu algum valor, ás pessoas?
Outro caso, que gerou, mais de, 70000000000000000000000000 comentários, online, em 48 horas, foi a demolição da praça BLM, em Washington, DC. Se há 3600000 milhões, de perfis, a criticar, essa remoção, achei curioso, que uma estação, de TV, não adepta, do Trump, descobriu que 88%, da população, local, nem sabia, da existência daquele "memorial". 94% nunca ouviram falar com 8000 milhões de dólares, que a BLM, desviou, para 11 pessoas, que, hoje, são multi-milionários, depois de liderarem, o movimento. 10 já nem residem, nos EUA, passando a viver, em países asiáticos ou na América do sul, tal foi o lucro obtido, por exigirem "uma sociedade mais igual". Para esses, a igualdade, rendeu 8000 milhões, de dólares. Um super jackpot, em troca de organizarem, o homicídio de 104 membros, de forças policiais e 3600 pessoas (incluindo, protestantes, da própria associação).
Para haver igualdade, é preciso não sobrepor o que se quer vender.
(A liderança, do Elon, levou tudo, à frente... não só o que deviam, como tudo, o que usa palavras semelhantes.)
Cristina Torrão 17.03.2025

Ah, o Trump chateou-se. Pronto, está explicado. Uma boa razão para praticar a censura. Vai-se a ver e o Salazar também se chateou.

João André 17.03.2025

Penso que deveríamos começar a chamar o país Canadá do Sul ou (a minha opção preferida) Norte-México. Já que mudança de nomes é quando queremos, é essa a minha opção preferida.
Cristina Torrão 17.03.2025

José 17.03.2025

Mais tarde ou mais cedo, para bem da sanidade mental da maioria, acabaria por se materializar uma reação à caça às bruxas em que se transformou o politicamente correto, com os seus sexos ou géneros, já nem sei bem, que parece que já são mais de setenta, mais as pessoas com útero, mais os pronomes, mais o que não se pode dizer, nem escrever, às tantas nem pensar. Que tenha sido uma administração Trump a fazê-lo apenas nos dá a certeza de que como acontece regularmente ao longo da História, os maluquinhos, de parte a parte, tomaram conta do manicómio.
Cumprimentos
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Pedro Lemos 17.03.2025

O que me espanta é a passividade com que a sociedade americana, e os empresários em geral, aceitam tudo isso. Sempre achei a sociedade americana mais assertiva, mas me parece que estão com medo. Talvez porque nunca viveram uma ditadura e agora experimentam traços de uma.
Cristina Torrão 17.03.2025

Também me espanta, Pedro. Mas tenho uma teoria sobre isso. Quando Trump ganhou a sua primeira eleição, em 2016, houve protestos sem fim. Só serviram para o beneficiar e dividir ainda mais a população, gerando até violência.

Desta vez, talvez os opositores de Trump estejam à espera de que ele caia pelos próprios meios, diga-se, tornar-se insustentável para o próprio partido e/ou gerar a revolta de muitos dos seus votantes. Vai acabar por acontecer. A não ser que ele neutralize a democracia de tal maneira, que já não seja possível arrancá-lo da presidência. Mas também creio que isso não ficaria sem consequências, nos EUA.

passante 17.03.2025

Era de valor o "polígrafo SIC" avaliar essa peça da SIC notícias.
Cristina Torrão 17.03.2025

A imagem que utilizei, com as palavras e expressões proibidas, é de um canal de TV estatal alemão, "3sat", virado para a cultura.

O jornal Público, no seu Instagram, também divulgou peça semelhante:

https://www.instagram.com/publico.pt/p/DHBsyzQzXRu/

E há mais comunicação social que o fez. O melhor seria avaliar tudo.

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