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Delito de Opinião

Cadernos de um enviado especial ao purgatório (43)

Luís Naves, 27.09.14

O caso Tecnoforma visa destruir o principal capital político de Passos Coelho, a sua imagem de honestidade. Embora o primeiro-ministro tenha esclarecido as questões ligadas à denúncia anónima e as dúvidas sobre a exclusividade parlamentar, há quem ainda não esteja satisfeito. A denúncia era falsa e o processo foi arquivado. Sem novas informações, esta história está morta. O primeiro-ministro demonstrou de forma convincente que cumpriu as regras da exclusividade parlamentar a que se obrigou quando recebeu um subsídio. Passos Coelho é aliás um político pouco habitual, sem sinais exteriores de riqueza e que tem resistido aos interesses que dominam o regime democrático.

Ontem, enquanto ouvia o debate parlamentar, lembrei-me de uma história pessoal: estive na Guiné-Bissau em 1998, como repórter, e gastei muito dinheiro numa guerra onde não se passavam facturas. Na altura, não podia provar despesas de centenas de contos. Sou uma pessoa remediada, não tenho sinais exteriores de riqueza e o meu pai ensinou-me a não ficar sequer com um tostão que não seja meu. O jornal devolveu-me o dinheiro e não posso esquecer o chefe de redacção e o director que nem hesitaram em aceitar a minha palavra.

As pessoas honestas não podem ser confrontadas com situações onde tenham de provar a sua honestidade. O princípio aplica-se no caso Tecnoforma, onde foram esclarecidas as suspeitas que até agora surgiram. É por isso grave que o primeiro-ministro não tenha direito à presunção de inocência. É dramática a exigência de que prove a sua honestidade através da devassa pública e da abdicação de um direito individual. Se triunfar a demagogia, não haverá pessoas de qualidade na política. E sem pessoas de qualidade na política, o que teremos é a promiscuidade com os negócios, exactamente aquilo que toda esta retórica afirma combater.

6 comentários

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    Luís Naves 27.09.2014

    Os argumentos destes dois comentários são muito bons
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    Carlos Cunha 27.09.2014

    você também é daqueles que acha que aquela citação "à mulher de césar não basta ser honesta, tem que parecer ser honesta" se aplica a outros que não alguém que é primeiro ministro deste burgo, que constantemente chama a atenção daqueles que ele governa para deixarem de ser comodistas e preguiçosos beneficiadores de subsídios e defende até à náusea que esse primeiro ministro esteja sobre forte suspeita de ter usufruído e abusado de tudo isso e aos costumes diga nada. o homem enquanto deputado trabalhou afinal ardua e gratuitamente para uma organização não governamental governada pela tecnoforma, com subsídos eurpeus, e depois de ser deputado foi trabalhar para a administração da tecnoforma, ardua mas não gratuitamente.

    vocé é cá uma peça (da engrenagem). vivemos no paraíso franciscano: temos uma coisa entitulada de presidente da república que diz que no mundo e arredores não há ninguém mais honesto que ele, que para isso teria que nascer duas vezes, e temos agora este coelho de honestidade certificada pelo são luis das naves.
    abençoados somos, assim seja.ámen.

    mais dúvidas aqui, como vê.
    http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/nao-estou-esclarecido-6725971
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    Luís Naves 27.09.2014

    Neste comentário há erros factuais e um pressuposto errado. Os erros factuais são a "forte suspeita de ter usufruído e abusado" e o "trabalhou afinal árdua e gratuitamente para uma organização". Não existe qualquer suspeita (a que existia foi arquivada) e a segunda frase não está correcta, por muito que o deseje, pois não existe trabalho regular nem remuneração, mas apenas pagamento de despesas. Pelos factos até agora conhecidos, não houve qualquer irregularidade, portanto trazer a senhora César à conversa faz parte de um linchamento político em que a excelente esposa romana não tem à partida qualquer hipótese de ser considerada inocente.
    Em relação ao são luis das naves estamos perante um pressuposto errado: trata-se de uma tentativa de ironia que tenta restringir o meu direito à opinião atribuindo-me uma fé que não tenho. Acontece que não sou religioso nem sou católico, não tenho por isso qualquer reclamação de santidade. O resto é o meu nome, que deve ser respeitado.
    Toda a gente tem direito a ter dúvidas e existe liberdade de expressão, mas os factos têm de estar correctos. Se o ódio e a demagogia conduzirem este processo, então Portugal está muito mais barata tonta do que me parecia estar.
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    Carlos Cunha 28.09.2014

    meu caro, o seu nome merece o respeito que você merece. porque você é o seu nome e o seu nome você será.
    não me venha com respeitinhos respeitosos e não me venha com essa de quem não aceita o que quem manda diz, o faz por ódio.
    repare no seguinte: você é um felizardo que esteve numa guerra com ajudas de custo e outros na guerra estiveram e por isso pagaram e continuam a pagar. mas sobre isso vai certamente escrever na sua séria dos fracassos.
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    Alexandre Carvalho da Silveira 28.09.2014

    Sobre o Costa não há suspeitas, o homem é mesmo aldrabão, e não respeita as regras:

    http://observador.pt/2014/09/28/seguro-apresenta-queixa-contra-costa/

    Está claro que foi "um erro", coisa pouca, passar a manhã do dia das eleições a enviar sms aos eleitores apelando ao voto em si próprio, é coisa que costumamos ver apenas em certas democracias mais evoluídas.
    Se o Tozé perder, que é o mais certo, tem aqui uma excelente oportunidade de impugnar as eleições, e lá têm de aguentar o Coelho mais uns meses no governo, porque por este andar o PS só deve ter líder e candidato a 1º ministro lá pró Carnaval.
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