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Delito de Opinião

Cadernos de um enviado especial ao purgatório (30)

Luís Naves, 29.08.14

Quando li pela primeira vez este texto, nem quis acreditar. Li de novo e, de facto, trata-se de uma crítica ao “jornalismo concreto” que, segundo a autora, tem excesso de agressividade, sendo uma “nova forma de jornalismo”, em oposição a métodos mais honestos, como será o caso de um jornalismo de fantasia. O texto é uma crítica e o “jornalismo concreto” não deve ser praticado.

O pior é que este texto não foi escrito pelo tontinho da aldeia. A autora de Vai e Vem, Estrela Serrano, é uma especialista em comunicação social, ensina ou ensinou essa matéria e devia saber que só existe “jornalismo concreto”, tudo o resto sendo conversa da treta, limonada pseudo-informativa, com perguntas para embalar bebés. Os políticos têm obrigação de responder a questões autênticas e os jornalistas têm a obrigação de saber se eles disseram alguma coisa, se as suas propostas são viáveis ou se estão a omitir posições relevantes.

No entanto, na sua crítica, a especialista Estrela Serrano escreve que este mau exemplo “é um jornalismo que só se interessa pelo concreto e pelo imediato”, embora a frase seja uma excelente definição de bom jornalismo, que deve questionar exactamente esses dois elementos, o concreto e o imediato, expondo a retórica balofa e o empurrar com a barriga. 

Agora percebo muito melhor a crise da imprensa, a razão da fuga dos leitores. O jornalismo que questiona o concreto e o imediato tornou-se uma raridade que merece a crítica severa dos mandarins da comunicação social. Assim, os jornalistas que exercem a sua profissão devem acalmar-se e fazer apenas as perguntas mais dóceis.

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