Brave

Será a nossa índole lusitana que nos torna brandos, serenos, ou até mesmo frouxos?
Somos contestatários por natureza, mas o nosso espírito combativo foi-se dissipando suavemente através de décadas de vida tranquila e anafada e temperatura amena.
Pode efectivamente a pena ser mais poderosa do que a espada, mas os cartazes e palavras de ordem da nossa discórdia, projectados nas muitas manifestações ruidosas e infrutíferas, foram apenas fogo de vista, dejectados e votados ao esquecimento em poucos dias, por mais acesa que tenha sido a controvérsia gerada.
Um José Júlio da Costa, hoje em dia, limitar-se-ia a sair para a rua sem máscara. Perdeu-se aquele fogo que consome as entranhas, a raiva que arma o braço, a fúria que prime o gatilho. Perdeu-se bem. Dirigimos os sons e as fúrias noutros sentidos, mais ineficazes mas muitíssimo mais ruidosos. Somos pacíficos. Demais, talvez.
Com uma eleição presidencial quase à porta, debruçamo-nos sobre o assunto com o característico encolher de ombros de quem acha que já sabe o resultado e se está nas tintas para ele. Vamos, como temos ido, ao sabor da maré. Reclamações virão posteriormente. E muitas. Nisso somos excelentes, somos mestres.
Mas claro, somos portugueses, simpáticos e afáveis.
Portugal não é the land of the free and the home of the brave, paraíso das amplas liberdades daqueles que nada temem.
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