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Delito de Opinião

Bolhas e cenários macroeconómicos

José António Abreu, 18.09.15

Schäuble afirmou recentemente que há riscos de criação de uma bolha financeira. Só podia estar a conter-se, a ser tão político como técnico. Porque o que realmente existe - e ele sabe-o - é o risco de as várias bolhas existentes, criadas pelas manipulações dos Bancos Centrais, rebentarem. E as manipulações, como o novo (o quinquagésimo quinto) adiamento da subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana demonstra, estão longe do fim. Os Bancos Centrais, hoje mais importantes do que os governos mas seguindo estratégias exigidas por estes, encontram-se presos numa armadilha: geraram crescimento baseado em dívida e em especulação, e sempre que avançam a hipótese de aumento das taxas (sendo que a maioria nem sequer a avança) os mercados tremem, ameaçando a recuperação económica (ou, no caso Chinês, o ritmo do crescimento), e forçam-nos a continuar o jogo. Por enquanto, os efeitos são mais positivos do que negativos mas um dia destes perceber-se-á não apenas que quase tudo está sobreavaliado (na China, houve quem o percebesse no início do Verão) mas também que as armas dos Bancos Centrais são hoje bastante menos potentes do que a retórica dos seus líderes procura transmitir. E, nesse instante, todos os cenários macroeconómicos demasiado optimistas, com os seus «factores multiplicadores» teóricos e a sua fé no reequilíbrio futuro de contas afectadas por medidas de incentivo ao consumo, comprovadamente frágeis por experiência vivida há não muitos anos e já ameaçados por outras situações externas com impacto dificilmente quantificável a nível económico, social e político (a crise dos refugiados, a instabilidade - e as possíveis intervenções militares - no Médio Oriente, os problemas crescentes dos países emergentes), revelarão o que efectivamente são: desvarios suicidas.

Mas, como sabemos, Schäuble não passa de um velho gagá e a tradicional política monetária e financeira alemã (baseada em moeda forte e taxas de juro correspondentes) de um anacronismo histórico. Costa, Centeno e Galamba é que sabem.

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