Biden fora da corrida: era inevitável
Joe Biden anuncia o abandono da corrida à reeleição presidencial, imitando o que fez Lyndon Johnson em 1968. Com uma diferença significativa: nesse ano, o inquilino da Casa Branca desistiu a 31 de Março, enquanto o actual chefe do Executivo norte-americano só o fez hoje. A um mês da convenção do Partido Democrata, favorecendo claramente o candidato republicano, Donald Trump.
Numa aparente confimação da perda acelerada das suas capacidades cognitivas, Biden terá sido dos últimos a perceber o óbvio ululante: não reúne condições mínimas para exercer funções políticas que ultrapassem o fim do mandato presidencial, que termina a 20 de Janeiro.
De algum modo, tudo isto se inscrevia na esfera do inevitável. O que me levou há três dias a escrever isto: «A capa da Economist, tão cruel para Biden, tem forte carácter premonitório. Antecipa o que acabará por acontecer tão cedo quanto possível. Antes que seja tarde de mais.»
Claro que as coisas podiam - e deviam - ter ocorrido de outra maneira. Mas elaborar teses sobre este dramático Verão político dos democratas norte-americanos é tarefa para historiadores futuros, não para os palradores das pantalhas que passaram toda a semana a garantir por cá que o prazo para haver outra solução já se esgotara e a recandidatura de Biden iria mesmo por diante.
Enganaram-se redondamente. O que não os impedirá de passar as próximas semanas a palrar a um ritmo ainda mais frenético, como se fizessem alguma ideia sobre o que realmente ali se passa.
Leitura recomendada:
How Biden will be replaced and what's next now that he's dropped out, no Washington Post.