Bayete Catamo
jpt, 07.04.24
Em finais de 2021 eu - como se comprova, sendo um muito competente "olheiro" (os patetas ignorantes agora falam de "scouting") - saudava a chegada do jovem moçambicano Catamo ao plantel do Sporting, augurando-lhe grande futuro. E ao assunto voltei no início desta época, exigindo também no Delito de Opinião a sua manutenção no plantel.
Assim sendo, creio que vos será possível imaginar o sorriso gigantesco com que ontem me deitei. Um cúmulo: estivera desde o fim da tarde no recomendável Roda Viva, restaurante moçambicano em Alfama. Ali organizara o "lançamento" do meu livro "Torna-Viagem" - que é louvado mas não tanto comprado... Apareceu um largo punhado de amigos - alguns vindos de bem longe, outros vindos de eras muito recuadas... E até família - a minha irmã, comparecida para evitar que eu dissesse palavrões, e cunhados, a apoiá-la na nobre e pedagógica missão.
Encheram-se as duas salas e a viela, enquanto se comiam as prometidas (e devidas) badjias e chamuças. Depois do cerimonial livresco - no qual falou o Fernando Florêncio e perorei eu - e do animado convívio avulso, umas quatro dezenas de presentes decidiram jantar ali mesmo, tendo tecido loas ao repasto. Enquanto eu cirandava de mesa em mesa foram-me informando da evolução do resultado. Houve júbilo no final do jogo, ali em Alfama.
Pela 1 da madrugada recolhi a casa, tão contente que quase feliz. E vi a gravação do jogo. Só então percebi que fora a noite de glória do Catamo! Neste meu dia não podia ter sido melhor!!! Bayete Catamo!!!,* disse ali no seu segundo golo, mesmo no final - na sequência de um inenarrável roubo do árbitro, a querer levar o Benfica ao título, uma escandaleira.
Ao acordar leio uma mensagem, amigo moçambicano desde Maputo, dizendo-me que ao ver o jogo do Geny se tinha lembrado daquele meu já antigo postal sobre o rapaz. Profético, profético... Enfim, apenas posso dizer, modesto: "sublinhem as minhas palavras!".
* Bayete - saudação destinada a um Chefe relevante no universo linguístico tsonga.