Back to basics
Por vezes, no meio da balbúrdia comunicacional, há que fazer um ponto de ordem. É tempo de ser feito relativamente à Grécia: Syriza é um acrónimo de Coligação da Esquerda Radical. Uma esquerda situada muito à esquerda da chamada "esquerda" social-democrata ou trabalhista, a cuja família pertence o Partido Socialista português. E que nada tem a ver também com a família comunista europeia, de que um dos expoentes é o nosso PCP.
Por outras palavras: o equivalente ao PS na Grécia é o PASOK, que nas legislativas de ontem não recolheu mais de 5%. E o o Partido Comunista grego, homólogo do PCP, quedou-se nos 5,5%.
"O sucesso tem muitos pais, mas a derrota é órfã", dizia John F. Kennedy. Bem sabemos que é assim. Mas convém não abusar. Por muito que, por cá, socialistas de vários matizes -- de Ana Gomes a Isabel Moreira, de Inês de Medeiros a Elisa Ferreira, passando por Manuel Alegre -- celebrem a vitória eleitoral do Syriza como se fosse um triunfo da sua própria família política, há que dizer com toda a clareza que isso é um enorme equívoco.
Quem venceu as legislativas na Grécia não foi a esquerda reformista: foi a esquerda radical. O que faz toda a diferença.