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Delito de Opinião

Aventuras de Uma Livreira Acidental

Francisca Prieto, 15.09.16

Hoje, a propósito do Festival Internacional de Cultura, a Déjà Lu andou em polvorosa. A RTP tinha-nos pedido para filmar um par de entrevistas numa das nossas salas e nós não nos fizemos rogados. Estendemos a passadeira vermelha e vergámo-nos em vénia, mortinhos por assistir a tudo.

O primeiro entrevistado foi Andrew Morton, famoso biógrafo de várias personalidades, incluindo membros da família real inglesa. A conversa foi muitíssimo interessante, mas confesso que tinha o coração em pulgas. Sabia que o segundo convidado seria David Lodge. Ora, eu adoro o David Lodge, a tal ponto que já li três vezes o “Terapia” e sei várias passagens de cor.

De maneira que quando a equipa técnica, entre uma entrevista e outra, comentou que “o outro” ainda não tinha chegado, tive de me insurgir e de perguntar se se estavam a referir naqueles termos miseráveis a Sir David Lodge.

Lá chegou então o senhor, muitíssimo discreto, que se deixou entrevistar com toda a candura.

No final, convidei-o a visitar a livraria. Expliquei-lhe que se tratava de uma livraria solidária, cujos lucros eram destinados a 100% para projectos de profissionalização de jovens com Síndrome de Down. Neste momento fui interrompida: “Down Syndrome, you said? Do you know that I have a son with Down Syndrome?’”.

E foi assim que tive direito a uma prolongada cavaqueira com um dos meus escritores predilectos, que autografou com toda a boa vontade e simpatia uma data de exemplares que lhe fui pondo à frente com toda a lata do mundo.

Depois, convidei-o a voltar à livraria para passar pelas brasas num dos nossos cadeirões, prometendo que não o ia maçar nada, nada, nada. Mesmo nada.

A vida às vezes dá-nos cada presentão.

 

Eu e David Lodge.jpg

 

Eu, em estado de comoção apocalíptica. 

 

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