Atribulações aquáticas

Todos nós desenvolvemos mecanismos que nos ajudam no dia a dia, no trabalho, nos transportes, em casa, com os filhos, com os netos…
O meu grande apoio tem sido a hora bissemanal da hidroginástica. Não é sequer um desporto, mas ajuda a reorganizar o corpo e recondicionar a mente, abstraindo-me de “pensar” enquanto me esforço por coordenar os movimentos. Faz bem. Saio de lá leve e bem disposta. Ou pelo menos até hoje.
A aula de hoje começou com a energia e boa disposição que os instrutores sempre transmitem. Sensivelmente a meio, vejo a colega da direita, a Amelinha, cair para a frente e não retornar à posição inicial. Pedi ajuda ao vizinho do lado, e entre os dois trouxemo-la à superfície. Entretanto o grupo já se tinha dado conta de que algo se estava a passar e a ajuda foi imediata e eficaz. Realizaram as manobras necessárias à expulsão da água nas vias respiratórias, mas não foi suficiente para a Amelinha recuperar e saiu de ambulância rumo ao hospital minutos depois.
A aula ficou por ali. Ninguém se sentia confortável nem disposto a continuar os exercícios. Nem valia a pela ficarmos a entupir as instalações porque não seria dali que viriam as notícias.
Viemos para casa e pelo caminho o assunto da prosa voltava sempre à Amelinha, ao que se teria passado e à conversa que tive ontem à tarde com a minha cunhada, tentando convencê-la que a sua fobia às piscinas era totalmente infundada, e que não saber nadar não seria impeditivo de praticar hidroginástica, já que ninguém se afoga com água pela cintura.
E mais uma vez as “sortes” vêm provar que afinal pode não ser bem assim; estou certa e ao mesmo tempo muito errada.
Assim de repente, a rubrica "Da Velhice", do Pedro, passou a redobrar todo o sentido que já fazia, pelo menos para mim.
P.S: A Amelinha sofreu um AIT, vulgo mini AVC. Desejo-lhe boas melhoras e rápida recuperação.

