As ruínas do interior
Foto: Global Imagens
Faz hoje um ano. Vamos lembrar-nos para sempre desta data trágica: 17 de Junho de 2017. O mais mortífero conjunto de fogos florestais ocorridos em simultâneo em Portugal, a 11.ª mais devastadora tragédia do género de que há registo desde 1900 a nível mundial.
Houve 66 mortos oficialmente contabilizados nos incêndios que devastaram 53 mil hectares de território, abrangendo 11 concelhos*, durante uma semana - 47 dos quais apanhados pelas chamas, naquele dia fatídico, em plena Estrada Nacional 236. E 254 feridos, pelo menos sete deles em estado muito grave.
Cerca de meio milhar de casas (169 de primeira habitação) e quase 50 empresas foram destruídas, perdendo-se 372 empregos directos. Mais de um milhar de animais mortos - no caso dos mamíferos, sendo incalculável o número de aves e outras espécies dizimadas pelas chamas.
Quase 200 milhões de euros em prejuízos globais - floresta, agricultura, habitações, actividade industrial e turística, rede viária.
Um ano depois, muitas cinzas já estão cobertas por mantos verdes - neste ciclo incessante da natureza que sempre se renova. Mas o luto persiste, irrevogável, no calcinado Portugal do interior. O mais velho, o mais pobre, o mais frágil. O que sempre mais sofre.
* Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Penela, Pampilhosa da Serra, Sertã, Alvaiázere, Ansião, Arganil e Oleiros