As crianças na política
Uma querida amiga, de esquerda - até eleitora do PS, que não há bela sem senão - envia-me por telefone esta fotografia (que encabeça esta notícia sobre o recente congresso do PS). Está ela um pouco incomodada, parece-lhe uma novidade no comércio ("marketing") político daquele velho partido, com o novo secretário-geral a agitar o filho, usando o petiz para convocar simpatias...
Enfim, eu apenas sorrio. E lembro-me de que há poucos anos, na alvorada da Iniciativa Liberal, um pequenino grupo de militantes daquele partido foi-se a uma "arruada" - como se vem dizendo -, distribuindo panfletos, apresentando o partido. Nas imagens televisivas viu-se o que se passava, uma vintena de tipos, para aí, burgueses ("um partido de quadros" será, assim o dizem...), alguns com aparência de constituirem casais, todos com o ar da alegria vinda da inexperiência nesse tipo de actividade. Era fim-de-semana, alguns levavam os filhos, miúdos, em verdadeiro "passeio de família". Estes entusiasmados com o afã dos pais até terão carregado os folhetos e mesmo entregue alguns...
Logo depois à "esquerda" - nas redes sociais e talvez até na imprensa - choveram dichotes e até impropérios contra aquela... utilização das crianças na política. Coisas (pérfidas) das gentes da "direita", apuparam.
Agora? Pedro Santos leva o rapazola impúbere para o palanque, a encantar a militância com a sua encenada faceta de "pai tão querido"? Ninguém pia. "Porca miséria", esta hipocrisia dos bem-pensantes.