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Delito de Opinião

As autárquicas na minha terra - II

Paulo Sousa, 24.08.21

Logo após a divulgação das listas que cada partido apresentou para as próximas autárquicas, fiquei surpreendido com o facto de pessoas que tenho como sérias e positivas na nossa comunidade, terem aceitado dar a cara pelo partido do Eng. Sócrates, do Dr. Vara, do Dr. Pinho, do Dr. Constâncio, da Drª Hortense Martins, do Dr. Cabrita e de muitas outras figuras tóxicas para o país.

É normal que a esta minha exclamação se responda dizendo que o que conta são as pessoas e nas autárquicas os partidos não interessam para nada. Isso é uma grande treta, pois com a possibilidade que existe em apresentar listas independentes, só alinha com a marca PS quem se sente confortável entre as figuras que acima referi. A marca PCP tem um significado, a marca Chega tem um outro significado e a marca PS significa 20 anos de estagnação económica, enfraquecimento das instituições, tomada do estado por interesses privados, nepotismo, uma herança de dívidas deixada às gerações futuras e, mesmo após biliões de euros doados ao país, um em cada cinco portugueses continua na pobreza e enquanto pobres são menos livres. Cada voto no PS é um abraço político – daqueles com palmadas ruidosas nas costas – àquela malta.

O PS sabe bem que da imagem que tem e, aqui à volta, nenhum dos candidatos autárquicos faz associar a respectiva candidatura à cor rosa do partido. Em Alcobaça a cor de fundo é o azul, em Leiria é um mini-arco-íris tricolor e em Porto de Mós é o verde. Não será coincidência e não duvido que o mesmo se repita pelo país fora. Neste detalhe pretenderão desligar os podres e as vergonhas do PS destas suas candidaturas.

PS Porto de Mós.png

PS Leiria.png

PS Alcobaça.png

Olhar o despudor, ou talvez seja apenas indiferença, com que gente que sofre na pele os danos da governação socialista dos últimos 20 anos, ajuda-nos a entender a longevidade do Estado Novo. A população está em declínio por falta de nascimentos e pela emigração de gente qualificada, mas podia ser bem pior, cá vamos andando, basta ligar a televisão e vê-se tanta desgraça, aqui ao menos é um dia de cada vez. Esta indiferença, que o filósofo José Gil descreve como a “não inscrição” dos portugueses, foi o segredo da longevidade do Estado Novo e explica porque é que pessoas que viram os seus filhos emigrarem aceitam que aqui é assim e nem é muito mau, até se aguenta, o candidato do PS ontem até pagou aqui uma rodada de minis na associação, e no dia em que o meu filho, que é engenheiro na Alemanha, foi promovido lá na fábrica, ele mandou tapar um buraco aqui à frente da porta. Eu já nem me lembrava disso, mas ele ontem passou cá a dizer para eu não me esquecer que se o buraco está tapado devo-o a ele. Isso, e o emprego à minha nora no centro de dia. E tem razão.

Isto acontece no país em que uma empresa para pagar um salário líquido de 2.000€ tem um custo de quase 4.000€ e é esse peso que explica que os rendimentos dos portugueses sejam tão baixos. Será revelador observar que o SMN na Irlanda é de 1.800€. É óbvio que sem uma política fiscal muito menos pesada continuaremos a empurrar mais portugueses em idade activa para fora do país. Sem noção da realidade ou apenas apostado em nos enganar, António Costa gabou-se recentemente no Expresso de termos hoje um nível de emprego superior ao anterior à crise, fingindo que não foi o estado que aumentou a contratação de pessoal em 17% no segundo trimestre, o que levou a que o número de funcionários públicos seja hoje o mais alto desde 2005.

Regressando à escala autárquica, o PS, o partido do Estado e dos funcionários públicos, tenta ainda explorar um outro sentimento que trava a saída do país deste marasmo, e que é o não querer estar fora do grupo. Nos meios pequenos isto ainda é mais notório. Quem se atreve a observar de fora e a dizer que o rei vai nu é sempre alguém que só sabe é dizer mal, que nunca fez nada, e que se ajeita a ser alvo de provocações nas redes sociais, que logo depois são apagadas, para que no dia seguinte lá regressam de novo, por interposta pessoa de família, mas desta vez sai também a acusação à vitima do destrate, de ser a própria quem faz comentários e os apaga de seguida. O mais assustador nestes filmes são mesmo os erros ortográficos, mas isso será culpa da falta de exigência no ensino especial.

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