As autárquicas 2025, o rescaldo
Olhando para os resultados das autárquicas do passado dia 12 na nossa região, é fácil de concluir que o caso de Porto de Mós foi em muito idêntico ao de Alcobaça. Os dois Presidentes em funções, Jorge Vala e Hermínio Rodrigues, ambos do PSD, apresentaram-se a votos e além de terem conseguido ganhar, também reforçaram muito significativamente os seus resultados. Nestes dois concelhos vizinhos os sete mandatos foram atribuídos de forma idêntica, cinco vereadores para o PSD, um para o PS e outro para o Chega.
Quase tirado a papel químico, esta é uma expressão ultrapassada vinda de um tempo antigo, o PS apresentou-se nos dois Municípios com candidatos praticamente desconhecidos, e que em toda a campanha nunca conseguiram mostrar que aspiravam a algo mais do que marcar presença. Fernando Gomes e Diogo Ramalho terão alcançado os piores resultados de sempre do Partido Socialista em cada um dos seus concelhos. O primeiro é um auto-denominado empresário de sucesso e o outro mestre pelo ISCTE e funcionário da Administração Pública.
A Nazaré é um caso diferente. Apesar de ser um tradicional bastião socialista, o Chega tinha sido o mais votado nas Legislativas de Maio passado. Não há dúvida que a sucessão dos cabeças de lista do PS, que tinha a Câmara, não correu bem. O anterior Presidente socialista, Walter Chicharro, atraído por um lugar elegível para a Assembleia da República, interrompeu o seu mandato e entregou os destinos da Câmara ao seu vice. A mudança poderá não ter agradado aos eleitores, o que juntamente com a crise no sistema de saneamento, que levou a várias interdições da praia durante o Verão, acabaram por permitir a vitória do PSD, embora com os mesmos três mandatos que o PS. O sétimo vereador foi atribuído ao Chega.
Nestes três Municípios, tal como no resto do país, a votação no Chega não chegou a metade dos votos das recentes Legislativas.
Ainda sobre Porto de Mós, a Iniciativa Liberal conseguiu um mandato para a Assembleia Municipal e dois para a Assembleia de Freguesia da Mira de Aire, tendo aí ficado à frente do PS.
Relativamente à Junta de Freguesia do Juncal, o vencedor foi Vítor Raimundo pelo PSD, que em 2021 tinha deixado escapar a vitória por apenas nove votos, numa eleição em que havia uma lista independente. Desta vez, já com o cabeça de lista desses independentes em segundo lugar, conseguiu vencer Júlio Ribeiro, que se apresentou sob a sigla do PS.
A nível nacional, José Luís Carneiro estará aliviado pela derrota do PS em Lisboa, que assim afasta da ribalta a narrativa pedronunista. Dificilmente afastará a facção derrotada dos acólitos do anterior Secretário Geral, mas pelo menos terão de mudar de narrativa. Talvez se estivesse a referir à queda dessa facção interna, quando, mesmo perante mais uma derrota eleitoral do partido, tivesse afirmado que o PS está de volta. Quando o disse, não estaria a querer enganar o país, mas a falar para dentro do partido.
