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Delito de Opinião

Arrumações de fim de ano

Rui Rocha, 30.12.14

Certo. Todos sabemos que a vida em sociedade obriga a que aceitemos um determinado nível de hipocrisia. A exposição sem filtro de todos os nossos pensamentos envolver-nos-ia, muito provavelmente, em muitíssimas situações desagradáveis. Mais ou menos, acabamos por apreender a pôr algum travão na forma como nos revelamos aos outros. Imagine-se, para não entrarmos noutros campos, uma situação de tensão, uma daquelas discussões azedas sobre um qualquer tema, muitas vezes demasiado fútil. É verdade que nesses casos acabamos em algumas circunstâncias por perder o controlo e verbalizamos ou manifestamos muito. Mas, mesmo aí, nem sempre (quase nunca) dizemos tudo, exactamente tudo, absolutamente tudo, o que nos vem à cabeça. Ainda aí, apesar de sermos capazes de insultar, de gritar, de magoar, raramente vamos até ao extremo de exteriorizar todo o pensamento fugaz, o breve lampejo, a pulsão mais básica e instantânea, a ira mais descontrolada, a lâmina do punhal em forma de palavra que por um momento atravessou o nosso pensamento. Mas aí surge uma outra questão. São esses pensamentos, essas pulsões, esses momentos que nos assaltam, que melhor definem a essência do que somos ou somos realmente, e sobretudo, definidos pela forma como imediatamente os repelimos e amordaçamos? 

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