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Delito de Opinião

Arquitectos e a Guerra

jpt, 08.03.22

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Na minha "bolha" egocentrada (FB/Twitter/Feedly/Whatsapp) os apoios (mais ou menos sob robes "compreensivos") à invasão russa continuam, e têm características que seriam patuscas se aquilo não fosse uma desgraça:
 
1 - Os com grande afã em divulgar a "Voz da Rússia": um padre boffiano chega a enviar-me uma entrevista radiofónica de um qualquer embaixador russo, "camaradas e amigos" do PCP produzem "reader's digest" da imprensa russa, e chegam a partilhar postais de consabidos soberanistas, estes sempre nacionalistas hiper-conservadores, antes ditos "reaccionários" quando não mesmo "fascistas" (!). É mesmo o "les beaux esprits se rencontrent", um colóquio no qual coincidem com gente daquela "direita profunda" (fica bem dizer assim) que se afadiga a divulgar as malevolências da UE, da "imprensa ocidental" e, mais do que tudo, da NATO - e nestes últimos, os da direitalha furibunda, a aversão a esta é mesmo fruto da nostalgia do Eixo que os move.
 
2. Entre outra rapaziada de esquerda também continua alguma exaltação contra os culpados de tudo isto, os satânicos EUA e a malvada Europa. Mas os vozeares desse núcleo diminuíram - pelo menos na minha tal "bolha" -, porventura devido a algum acabrunhamento (as imagens televisivas maceram algumas crenças, apesar dos "princípios ideológicos"). Ou fruto de algum ziguezague das lideranças bloquistas - e, talvez ainda mais do que tudo, do risível "gâchis Mortágua", que aquilo nem "affaire" é...
 
3. Há um terceiro núcleo de activistas avessos a uma condenação da invasão russa, os militantes do blaseísmo, essa ideologia dominante da pequeno-burguesia arrivista lisboeta (com sucursais no Porto). Ciosos em criticarem a expressão de sentimentos, indignações ou mesmo análises alheias, as quais consideram coisa "tããõ po-vô", tão popularucha, desta gente desinformada que saltita entre o big brother e o futebol mas que se atreve a opinar, assim a querer parecer como... "nóós!". Confesso que a este grupo prefiro - excepto uma ou outra facebuquista destas, particularmente bem apessoada - os velhos comunistas, empedernidos.
 
4 - E depois tenho os correspondentes austrais, desalvorados na sanha avessa aos "ocidentais" - que é como chamam aos "brancos" - e que encontram virtudes nos russos que desconhecem em búlgaros, polacos ou eslovacos. Mas isso é assunto que precisaria de mais espaço, outro postal... Ou outra vida.
 
Enfim, para todos os correspondentes, os acima referidos e outros que não constam deste rol, mas acima de tudo para arquitectos e estudantes de arquitectura, austrais e setentrionais, não poluídos pela peçonha da blaseíte, aqui deixo este notícia: numa Rússia com um sistema judicial duro, e onde estão presas milhares de pessoas por se oporem à guerra, há dias este abaixo-assinado de arquitectos e urbanistas contra a invasão da Ucrânia já tinha 6500 assinaturas.
 
Devem ser, para os tipos que acima indico, "pô-vô". Ou "ocidentais". Ou "agentes dos americanos". Ou coisa parecida.
 

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