Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Aprenderão à custa deles

Pedro Correia, 30.11.20

30125425.JPG

 

Como aqui antecipei na sexta-feira, nada de relevante foi debatido no XXI Congresso do PCP, que bem poderia - e deveria - ter sido adiado. Jerónimo de Sousa foi reeleito para um quinto mandato como secretário-geral, função que ocupa há 16 anos, e a resolução política foi aprovada por unanimidade, algo bem revelador do monolitismo comunista. O Comité Central mereceu a aprovação de 98,5% dos congressistas, em votação digna da defunta Albânia vermelha, e o candidato vai-a-todas João Ferreira tomou assento na Comissão Política, sério indício de que é o delfim ungido pela velha guarda.

Não havia pressa nem necessidade de nada disto ter ocorrido no momento em que ocorreu. Invocar a lei de 1986, jamais concebida a pensar numa pandemia, para insistir na realização em 2020 de um congresso partidário em estado de emergência num concelho classificado de alto risco sanitário e em que a própria população local está submetida a recolher obrigatório, é mais do que cinismo ou sonsice: é pura estupidez, que só contribuirá para aumentar ainda mais os índices de rejeição do PCP junto dos portugueses.

 

Os comunistas, entrincheirados numa bolha endogâmica, invocam com sofisma essa lei, que em caso algum os impediria de adiar a reunião magna (como fizeram PS, BE e PSD-Madeira) ou realizá-la por via digital (como fez há duas semanas a Iniciativa Liberal).

Em qualquer dos casos, estaria salvaguardado não apenas o respeito pela letra mas também pelo espírito do diploma de 1986.

 

O problema é que o PCP tenta moldar a realidade às suas teses em vez de proceder em sentido contrário, como seria sensato e curial. Tendo votado contra o estado de emergência, procede como se ele não existisse (privilégio negado ao cidadão comum). Ao insistir em chamar "epidemia" à pandemia, como se o novo coronavírus fosse sarna ou sarampo, faz vibrar de júbilo algum negacionismo militante mas não consegue alterar os factos. Que são teimosos, como ensinava Lenine.

Pelos vistos a recente derrocada eleitoral nos Açores, onde o partido foi riscado da Assembleia Legislativa Regional, não ensinou nada aos comunistas. Acabarão por aprender de maneira ainda mais dolorosa, à sua custa, em todas as eleições que hão-de vir.

52 comentários

Comentar post

Pág. 1/2