Apoiam o violador, injuriam nação violada
Irpin, Ucrânia, Abril de 2022
Kramatorsk, Ucrânia, Abril de 2022
Severodonetsk, Ucrânia, Junho de 2022
O PCP, mesmo já sem surpreender ninguém, vai conseguindo descer cada vez mais baixo, enredando-se na pior lama quando o tema é a Ucrânia. A lama putinesca.
Ontem, na Assembleia da República, o deputado da Iniciativa Liberal Carlos Guimarães Pinto dirigiu à bancada comunista a pergunta que se impunha: «Se o agredido nesta história não fosse a Ucrânia mas fosse Portugal, continuariam a ter o mesmo discurso?»
Eis a vergonhosa resposta do deputado João Dias: «Nunca estaremos ao lado de regimes nazi-fascistas, como os senhores fazem.»
Caiu-lhes de vez a máscara: o PCP considera o legítimo governo da Ucrânia, nação agredida pela maior potência nuclear do planeta, um «regime nazi-fascista». Decalcando o glossário de Putin.
Ser nazi e fascista, para o que resta hoje do partido em tempos liderado por Álvaro Cunhal, é ser violentado, assassinado, esquartejado. É ver mais de 125 mil edifícios civis destruídos desde 24 de Fevereiro. É ver o PIB cair 40% devido à agressão bélica de Moscovo - um abismo aterrador.
Ser comunista, portanto, é defender o agressor, o violador, o homicida. É estar com Putin neste inqualificável acto de selvajaria que em três meses provocou o maior número de desalojados no continente europeu desde a II Guerra Mundial.
O deputado Dias injuria a Ucrânia no preciso momento em que Severodonetsk se transforma na nova Mariúpol, cidade-túmulo, com civis alvejados pelos obuses russos nesse Donbass que Moscovo dizia querer «libertar». E no próprio dia em que o ex-presidente russo Dmitri Medvedev, sem disfarce algum, admitiu que daqui a dois anos a Ucrânia já esteja riscada do mapa.
Um nazi não diria nada diferente. Convém lembrar que Medvedev é vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, fiel adjunto de Putin.
Entretanto, a Europa Oriental é percorrida por um sobressalto idêntico ao que foi provocado pelas hordas de Hitler. «Todo o flanco leste da NATO está em posição vulnerável», alerta o primeiro-ministro da Letónia, Krisjanis Karins. Enquanto a Polónia, vizinha ocidental da Ucrânia, vai preparando a mobilização geral. Repetindo-se em 2022 o que sucedeu em 1939.
No seu bunker cada vez mais impermeável aos factos, acometido de incurável cegueira ideológica e exibindo uma fidelidade sem mácula ao Kremlin, o partido da foice e do martelo enterra-se dia após dia. E de novo volto a fazer a pergunta que aqui formulei no dia 23 de Março: Já terá havido demissões no PCP?
ADENDA. Um míssil russo destruiu uma carruagem de mantimentos recolhidos por uma organização não-governamental. Aconteceu em Pokrovsk, na Ucrânia. Outro «acto heróico» para Putin juntar ao seu cadastro.