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Delito de Opinião

António Manuel Ribeiro: «A rotina mata»

Quem fala assim... (36)

Pedro Correia, 10.04.21

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«Gostei sempre do Robin dos Bosques. É o primeiro sinal de que podíamos distribuir melhor a riqueza»

 

Compôs o hino do Benfica, mas prefere o azul. É republicano, mas agrada-lhe a bandeira monárquica. Adora peixe grelhado e detesta cobras. Celebrizou-se no rock, como vocalista dos UHF, mas relaxa a ouvir jazz no sofá. António Manuel Ribeiro, atencioso ao telefone nesta conversa que travámos, confessa o que faria se fosse milionário: «Aplicava o dinheiro em empresas que produzissem e exportassem. Precisamos de incentivar os portugueses a não fugir de Portugal.»

 

Tem medo de quê?

De cobras.

Gostaria de viver num hotel?

Não. Faltar-me-iam sempre os meus livros e os meus discos.

A sua bebida preferida?

Água.

Tem alguma pedra no sapato?

Não.

Que número calça?

41.

Que livro anda a ler?

O Código de Deus, de Gregg Baden. É um livro muito interessante.

Interessa-se por temas relacionados com religião?

Sim. A vida espiritual interessa-me bastante.

Tem muitos livros à cabeceira?

Tenho. Sou um comprador compulsivo de livros e discos. Costumo guardar os discos para os ouvir com atenção durante as viagens de carro que faço nas minhas digressões.

E os livros?

Os livros também ficam guardados à espera da primeira oportunidade. Leio sempre dois em simultâneo.

A sua personagem de ficção favorita?

Gostei sempre do Robin dos Bosques. É o primeiro sinal de que podíamos distribuir melhor a riqueza.

Rir é o melhor remédio?

Rir é um grande remédio. Aliás está cientificamente provado que ajuda a consolidar o sistema imunitário.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Foi a ver um filme, já há muito tempo. Emociono-me com as coisas boas. Quando alguém descobre alguém, quando os amantes se reencontram...

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Gosto muito mais de conduzir. Sou um condutor com muita experiência. Nas raras vezes em que entreguei o carro acabei por ir sempre com um olho aberto. Não vale a pena.

Transgredir é bom?

Sim. Tenho uma canção intitulada Uma palavra tua que fala disso: «Violei as leis, passei entre a chuva, em tudo procurei uma palavra tua.» A vida sem alguma transgressão não é vida. A rotina mata.

O seu prato favorito?

Peixe grelhado. Vivo na Costa da Caparica, o que explica isso.

O pecado capital que pratica com mais frequência?

A preguiça. Mas não considero que seja um pecado. Por vezes temos de parar.

A sua cor preferida?

Azul: é a cor que prefiro no vestuário, no visual. Apesar de ser autor do hino do Benfica.

Costuma cantar no duche?

Se estou a escrever uma canção, levo a melodia para todo o lado, até quando às compras no supermercado. E também a levo comigo para o duche.

E a música da sua vida?

Light My Fire, dos Doors. Tem qualquer coisa que ficou para sempre.

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

O hino é um símbolo com que nos temos identificado ao longo de várias gerações. Não o mudaria, embora não me reveja no conteúdo belicista da letra.

Parece-lhe bem a actual bandeira nacional?

A monárquica parece-me ter cores mais interessantes, embora eu seja republicano.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Com Barack Obama. Gostaria de lhe perguntar se tenciona cumprir todas as promessas eleitorais.

As aparências iludem?

Iludem bastante.

O que é que um verdadeiro cavalheiro nunca faz?

Nunca deve falar alto.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

Blusões de pele. Gosto de os guardar mesmo quando ficam velhos.

Qual é o seu maior sonho?

É que este país se concretize. Passamos o tempo a ouvir políticos a pedir-nos sacrifícios. Não podemos continuar a viver assim.

E o maior pesadelo?

Não tenho pesadelos.

O que o irrita profundamente?

A hipocrisia. As duas caras.

Qual a melhor forma de relaxar?

Pôr um disco de jazz. Na minha sala, no meu sofá.

O que faria se fosse milionário?

Aplicava o dinheiro em empresas que produzissem e exportassem. Precisamos de incentivar os portugueses a não fugir de Portugal.

Casamentos gay: de acordo?

Costumo dizer que o meu divórcio é de longa duração. O casamento é uma convenção. Mas se as pessoas quiserem casar-se, tudo bem.

Uma mulher bonita?

Há várias belezas. A da Angelina Jolie, uma beleza excessiva. E a da Fernanda Serrano, que é uma beleza serena, misteriosa.

Acredita no paraíso?

Acredito no paraíso aqui na terra. Construído por nós.

Tem um lema?

Fazer bem todos os dias.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (10 de Abril de 2010)

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