Ano de pesadelo
Em jornalismo, quase sempre, menos é mais. Lembrei-me desta frase, inspirada no lema artístico de um célebre arquitecto, quando vi aquela que considero a melhor capa de revista deste amargo ciclo anual prestes a chegar ao fim. A da edição dominical do El País.
Uma capa em que a fotografia diz tudo, surgindo acompanhada de uma data que funciona em simultâneo como título e legenda. A foto transpira autenticidade e tem cunho universal: foi captada em Espanha, mas poderia ter sido em muitos outros países igualmente golpeados pelo coronavírus que nos envolveu num cortejo de luto e dor.
A carga emotiva desta imagem torna irrelevante qualquer palavra. E nem é preciso situá-la no espaço: basta enquadrá-la no tempo. Quatro caracteres bastam: 2020. Ano de pesadelo.