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Delito de Opinião

Aniversário do "referendo" catalão

Diogo Noivo, 01.10.18

CDRCat.jpg

Corte da linha ferroviária de alta velocidade pelos CDR - Girona 

 

"O governo voltou a colocar em circulação uma fórmula já usada: "procurar soluções políticas para o conflito catalão". Em cinco palavras, duas ambiguidades e um perímetro errado. O primeiro: a descrição do conflito. De acordo com alguns, o conflito é o resultado de não se atender às demandas nacionalistas. As razões pelas quais elas devem ser atendidas não são claras. A exploração económica e a falta de reconhecimento de identidade própria, tantas vezes invocadas, são invenções: a Catalunha é uma economia com respiração assistida e, se há uma identidade desprezada, é a da maioria dos catalães que, para começar, não podem estudar na sua língua materna. Outros dizem que os separatistas são muitos e que suas exigências estão muito consolidadas. Um argumento que seria válido para os racistas no Alabama ou para os sexistas aqui. Que ninguém fique chocado com a comparação. Somos confrontados com o mesmo roteiro: uns quantos reclamam a limitação dos direitos dos outros em virtude de uma característica, do seu género, da sua cor de pele ou da sua identidade. Tradicionalmente, a resposta política cabal consistiu em combater ideias perniciosas, independentemente do número ou da sustentação - até mesmo biológica - dos distúrbios. O império e a pedagogia da lei cumpriram sua função. As pessoas mudam até de vícios. Lembrem-se que este foi um país de fumadores."

 

Félix Ovejero, "Soluciones políticas, ¿para quién?", El Mundo, 1 de Outubro de 2018

5 comentários

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    Diogo Noivo 02.10.2018

    Ontem, assoberbado que estava pela cornucópia de disparates, escapou-me este. Luís, a língua materna é o castelhano e hoje são várias as instituições de ensino na Catalunha onde a língua oficial do Estado não entra. https://elpais.com/ccaa/2018/04/04/catalunya/1522840840_108931.html
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    Luís Lavoura 02.10.2018

    hoje são várias as instituições de ensino na Catalunha onde a língua oficial do Estado não entra

    1) É um erro que o Estado espanhol tenha uma única língua oficial. Compare-se com um país democrático e liberal, como a Suíça, onde o italiano é língua oficial, apesar de ser a língua materna de menos de 10% da população.

    2) As línguas oficiais não têm forçosamente que ser ensinadas em todo o país. A Índia, por exemplo, tem (salvo erro) oito línguas oficiais, mas há montes de indianos que nunca aprenderam mais do que uma delas, e ainda muitos mais que nunca aprenderam nenhuma delas.

    3) Num mundo em que, cada vez mais, se tenta preservar línguas, que são amplamente consideradas como um importante património imaterial da humanidade, a Espanha bem que deveria fazer mais pelas suas línguas minoritárias. Não tanto pelo catalão, que está bem e se recomenda, mas sobretudo pelo basco (que se pensa ser herdeiro da língua dos iberos pré-romanos) e pelo galego, lionês, etc.
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    Diogo Noivo 02.10.2018

    1) Não defendi que o Estado espanhol tem apenas um idioma oficial. Comentário despropositado. E irrelevante, dado que não contradiz ou acrescenta nada ao argumento.

    2) Comparar a política e a história linguística da India com a de Espanha é comparar a beira da estrada com a estrada da Beira.

    3) Não está em causa a preservação da língua, e a Catalunha é prova vida disso. Insisto, há escolas na Catalunha onde apenas são ministradas aulas em catalão.

    PS - Sendo certo que não há consenso sobre as origens do euskera, a hipótese que reune maior apoio entre linguistas e historiadores situa o aparecimento deste idioma no encontro da Aquitânia com o Império Romano. Era, no entanto, uma forma incipiente de euskera, muito diferente daquele que é hoje falado. Aliás, o euskera contemporâneo deve muito a Sabino Arana (finais do século XIX e início do século XX). Consuma menos propaganda abertzale, Luís.
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    Luís Lavoura 02.10.2018

    há escolas na Catalunha onde apenas são ministradas aulas em catalão

    ... o que não teria problema nenhum se o catalão fosse, como deveria ser, uma das línguas oficiais do Estado espanhol.
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